quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Uma pausa para amar


O relógio marcava 18h37 da noite.
As ruas lotadas de pessoas correndo contra o tempo, em todas as diagonais.
O sol já tinha se posto e o vento frio já transpassava a face.
No banco da praça, um homem de terno e gravata afrouxada, de semblante cansado, com um caneta na mão, escrevia em um cartão.
Na capa do cartão, uma expressão de cor brilhante se destacava: "Te amo!".

E ali, ele ignorava toda aquela alienação cotidiana ao seu redor, tirando alguns minutos do seu trajeto para depositar sentimentos naquele pedaço de papel, que com certeza, em breve, seria entregue à alguém especial.

Quem nunca sentou em uma mesa de bar, ou em um banco de uma praça, ou se encostou em um balcão qualquer, para escrever um bilhete em um guardanapo, ou um pedaço de papel achado na rua, porque simplesmente não dava tempo de esperar?

O amor não espera. O amor não pergunta se você está de saída ou de chegada, muito menos te faz a pergunta que todos gostariam de ouvir: você está preparado?
Não, nunca estamos.
Mas sim, sempre estamos.

O amor tem o dom de nos preparar por si só.

Hoje, eu queria ser a dona (ou o dono) daquele cartão escrito às 18h37 de uma tarde de quarta feira fria.
Hoje, eu queria que o amor batesse à minha porta e dissesse que não me trouxe flores, nem presentes caros. Apenas palavras que não poderiam mais ficar presas lá dentro. Precisavam se juntar à explosão que é a vida lá fora.