segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Remember me

O que quer que você faça na vida será insignificante, mas será muito importante que você o faça, porque ninguém mais o fará. Como quando alguém entra na sua vida e metade de você diz que não está nem um pouco preparado, mas a outra metade diz: faça que ela seja sua para sempre.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Antes que seja tarde

Sem parar pra pensar, sigo estrada, sigo pistas pra me achar, disse Fernanda Takai, o que eu não soube dizer. Justamente esse o estágio em que me encontro.
Talvez minha vida necessite ser estacionacionada e organizada. Como uma espécie de quebra-cabeças espalhado no chão, à espera de um determinado qualquer, que esteja disposto a dedicar atenção àquelas meras peças soltas e desorganizadas ali, ao léu.
Paciência deveria ser vendida em doses, em qualquer bar de esquina. A escassez é imensa, a necessidade também.
O saco se enche, é preciso esvaziá-lo.
Como? Uma paixão louca e ardente, talvez.
Um porre, um sorriso inesperado, um novo amor.


A verdade é que, na verdade continuo sob a mesma condição: distraindo a verdade, eganando o coração.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

De sotaque "xiado"

Voz firme, uma voz quem sabe cuidar de alguém, voz de quem leu até o sétimo capítulo do livro: me dê o teu amor, que te cuido. 
Sei, é bem loucura, é bem real. 
Uma surpresa em uma tarde ensolarada, claro não poderia ser diferente: temos corações quentes, vidas amorosas que vivem em função da ansiedade por um amor que cuida da gente, que a gente cuide. 
Podemos flutuar pelas nuvens entre o meu sotaque carioca ou em teus sonhos de come quieto, bem mineiro. Não importa como, importa que vai ocorrer.

Em uma tarde de muito calor, fragilidade e vazio, doces palavras me descrevem, preenchendo com açúcar o meu sorriso.
De alguém que já tem uma imensa parcela da minha admiração, Carlo Lagos .

sábado, 27 de novembro de 2010


29 de agosto, agora.
Dizia Dona Aurora a si mesma, enquanto marcava um XIS em seu pequeno calendário ao lado da cama.
As horas passaram muito rápido naquele dia, enquanto ela ajeitava o quintal que tanto gostava. Regava as flores uma a uma, embaixo do sol escaldante.
Na mão esquerda, a aliança já desgastada de Dona Aurora refletida pela luz intensa do sol sobre ela. Enquanto isso, seu Félix, a observava de lá da varanda, com um médio sorriso nos olhos.
O dia começou a refrescar, e Dona Aurora ao conversar com suas plantas se esquecera como o tempo passava rápido enquanto ainda tinha sua companhia, suas flores e seu quintal.
Motivação de alguns anos para Dona Aurora, já que não tinha filhos. Um pequeno problema de seu Félix com mundo. Coisa da qual ele nunca se perdoou. Como se pudesse moldar o destino.
Já passavam das 17h30min e o dia começou a escurecer. Levantou-se, foi até a cozinha preparar seu chá da tarde. Ela sentia seus ossos um pouco mais fracos, naquele dia. Sabe lá por que. Pegou o pacote de bolachas do ultimo natal que ainda restara, sentou-se à mesa, naquele lugarzinho à esquerda que sempre adorava, pois ficava de lado ao seu Félix.
Mastigou a primeira bolacha, engolindo com o chá.
Seu Félix ficava absurdamente atento a todas as manobras de sua pequena esposa, agora tão velha. Sentou-se e continuou a admirá-la. Perguntava-se como podia ele, ter uma mulher tão prazerosa e forte ao seu lado.
Dona Aurora por outro lado, se sentia só. Era como se algo lhe faltasse desde pequena. Algo que ela pensava que seria a família que não conseguira. Mas não era.
Ironia do destino, ou discrepância do mesmo.
Era apenas uma senhora infeliz com suas contas pagas. Sua casa própria. E seu programa de TV favorito, onde naquele dia se apresentava seu cantor predileto.
Ela era uma amante da música. Mas havia abandonado seu piano por já não ter mais condições de tocá-lo. O coração já não se sentia feliz ao tocar cada nota, que outrora, era a maior felicidade de sua existência. Ora, tocar Tom Jobim é para poucos, pensava.
Seu Félix sentado em seu cômodo favorito, observava-a incrédulo. Pensava como alguém podia ser tão birrenta. Por que não só sentava a bunda macia naquele banquinho do piano, já com bastante poeira, e tirava as horas perdidas de um mundo vão a qual sua querida se perdeu.
Ele não entendia. Mas sabia o que havia.
Dona Aurora se acostumou com aquela vida meio sem sal.
As noites chegavam, colocava seu pijama rosinha claro, preferido de seu querido. Sentava-se de fronte a penteadeira, olhava-se no espelho e a imagem não lhe fazia feliz. Passava os dedos por suas rugas fundas. De repente rolava uma gota d’água. Como o mundo podia ser tão vazio?
Deitava-se no canto esquerdo da cama, onde era seu lado. Enroscava-se no lençol e se perdia em pensamentos. O frio era demais, mesmo que o termômetro marcasse 22°. 
Pegava o cobertor do armário, se enrolava sobre ele, o frio corporal passava. Mas o vazio de dentro, era cada vez mais gélido. Demorava, mas sempre pegava no sono antes das 22hrs.
Seu Félix deitava ao seu lado, com a barriga pra cima, e olhava-a a cada minuto se certificando de que sua querida estava bem. E no fundo sabia que perdia horas a olhar ela por motivos óbvios: ela era sua vida, e nada era tão mais lindo que sua querida dormindo.
E assim os dias se seguiram lentamente, um por um. A mesma rotina diária. A não ser pelas sextas- feiras: dia de feira.
Dona Aurora que adorava pegar sua cesta, mas odiava deixar sua casa.
Era uma tortura trancar o portão e se ver do lado de fora.
Atravessava a rua muito bem cuidadosa, olhava para os dois lados. Seu Félix, sempre ao lado.
Passava a manhã inteira escolhendo os legumes um a um. E as frutas então? Nem se fala.
Ela, que adorava amora, sempre perdia mais de 15minutos olhando, verificando, se certificando que seria uma boa fruta a se comer, quando chegasse a casa.
Pegava duas tangerinas, preferida de seu Félix.
Numa dessas sextas-feiras ela se deu conta que o dia já era 18 de setembro.
Acomodou-se cedo naquela noite, pois cedo, do dia que viria, teria de acordar.
Antes de deitar, tirou Félix para uma dança. Uma dança sem música era só ela e ele. Os passos: dois pra lá, dois pra cá. Sorria, sem muito entender o que estava fazendo. Seu Félix com o sorriso nos lábios.
Então guardara o terno de seu Félix no armário, no cabide de sempre, no lugar de sempre.
Colocara o pijama de sempre, e dormiu, naquela noite, como um neném.
Ao acordar as 7hrs e 30min da manhã de 19 de setembro, assustou-se com a chuva fina.
Colocou seu vestido florido, sua sandália preta. Ah, seu Félix se divertia ao vê-la se trocando. Principalmente naquela manhã.
Ela então pegou seu guarda chuva, e saiu em direção ao seu destino.
Seu Félix não a seguia naquela manhã.
Ao chegar a seu lugar esperado, olha ao relógio e atira a bolsa no chão, reclamando: “Seu velho idiota. Como foi me deixar nesse mundo, sozinha?”
Abaixou-se ao tumulo de seu Félix e uma lágrima escorreu.
Fechou os olhos e por um instante lembrou-se dele. Lembrou-se de seu querido deitado numa cama de hospital e sorrindo. Coisa que ele sabia fazer melhor do que esperava.
Ela se lembrava de cada toque dele, não só daquele dia. Mas da vida toda.
Lembrou-se da ultima conversa:
“Você me prometeu que ficaria do meu lado pra sempre.” Disse ela.
“Eu ficarei, minha querida. Eu sempre estarei ao seu lado.”
 “Não me venha com isso. Estou com raiva de você. Estou com raiva da vida. E não acredito em vida após a morte. Eu depositei a minha vida em você, e agora nem isso mais eu terei.”
 “Calma, minha querida. Isso não é o fim. Você ainda vai viver mais do que eu. Pode mudar isso.” Tentou reconfortá-la.
“Mas eu não quero. Eu quero ir com você, porque nada tenho nessa vida além de você.”
 “Eu lhe prometo que sempre estarei ao seu lado. Em cada minuto da sua vida, estarei lhe observando. Dance comigo. Fale comigo. Deixe o meu lado da cama vazia, pois sempre estarei lá.”
 “Você me promete?”
 “É claro. Até porque nada, nem o infinito e o paraíso podem ser completos se eu não tiver você, minha querida.”
 “Seu velho bobo.” Sorriu ela, enquanto chorava.
Os olhos dele concentraram-se nos dela. Um medo trocado no olhar.
Ao lembrar-se disso, diante da chuva que escorria lentamente por seus cabelos já grisalhos, fechou os olhos e falou em voz alta:
 “Eu te amo todos os dias da minha vida. E amarei cada vez mais.”
Ele, posicionado ao seu lado, em pé, falou, mesmo sabendo que ela não podia ouvir, mas talvez sentir: “eu também, minha querida. Eu também.”
Ela deixou um buquê de rosas de seu quintal. Esse era o maior propósito de cuidar tanto das suas flores. Plantar com devoção, pra colher as mais belas flores e entregar ao seu amor.
Levantou-se, enxugou as lágrimas, desejou feliz aniversário, e virou-se em direção a sua casa.
Seu Félix tomou-se o lugar de sempre, lado direito de Dona Aurora.
Ela não acreditava que ele estaria ao lado dela pra sempre. Mas algo nela fez sentir sua presença naquele dia. Sentiu-se mais confortada, e um sorriso veio aos seus lábios.
Ela não podia pensar em outra vida. Ela o amou. E isso sempre foi o seu necessário.


Por alguém que tem o dom de ser tão distante e próxima ao mesmo tempo...
Isadora Castro.

Movimente-me

Ouvi dizer, há um tempo atrás, que a paixão é algo desnecessário na vida de alguém, que se entregar era apenas para os fracos e que não precisávamos fazer com quem alguém se tornasse necessário em nossas vidas.
E, por motivos maiores, acabei acreditando.
Comecei a me esconder de mim mesma.
Criava, a cada dia, uma falsa idéia de que aquele coração que ali batia, era completamente calmo e sereno e que não precisava de nada além de sua própria companhia para ser feliz.
Para todos, eu apresentava tal equilíbrio e defendia firmemente a idéia de que se entregar é uma bobagem.
Me privava de certas pessoas, quando percebia que eu podia sentir uma pontinha de qualquer sentimento que seja, que mexesse com o meu estoque de sentimentos e logo já me retomava de volta à minha realidade.
E, sem que eu percebesse, os dias foram perdendo as cores.
Os sorrisos eram como café frio, os abraços eram sem sal nem tempero.
A lua, na sua mais linda fase, não brilhava tanto quanto, do outro lado algúem a observava junto de mim.
Eu deitava minha cabeça no travesseiro e, o que eu tinha para me fazer companhia em pensamentos? Era como uma tv sem sinal. Eu não tinha nada ali programado.
Chamei essa coisa chata de solidão.
Eu mal sabia o caminho que estava escolhendo, ao bater no peito e gritar para o mundo ouvir que eu não mais me apaixonaria.
Paixão é cor, cheiro, é a junção do quente ao frio. É combustível, é força de impulso, é movimento.
Movimento é a essência da vida.
E o que não é movimentado constantemente, pode acabar atrofiado.
"Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos ,um livro mais ou menos.
Tudo perda de tempo.
Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoraçao ou seu desprezo.
O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia."
 

Martha Medeiros

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Comer, rezar, amar

- Por que terminou com ele?
- Eu não consegui manter o equilíbrio.
- Às vezes perder o equilíbrio por amor faz parte de viver a vida em equilíbrio
.

No fim, comecei a acreditar em algo que chamo de "física da busca."
Uma força da natureza governada por leis tão reais quanto a lei da gravidade.
A regra da "física da busca" é assim: Se tiver coragem de largar tudo que é familiar e confortante, que pode ser sua casa ou arrependimentos, e sair em uma busca pela verdade seja ela externa ou interna; se considerar uma dica tudo que acontecer na jornada, e aceitar todos que conhecer como um professor e se estiver preparada para enfrentar e perdoar realidades difíceis sobre si mesma, a verdade não será retida de você.

sábado, 13 de novembro de 2010

Sinais de libertação

De fato, as palavras são diretamente proporcionais às confusões do coração.
É como se estivesse ali, combustível sendo injetado, fazendo que tudo volte a funcionar.
E então, o batuque do coração é o primeiro sinal.
Os mais gostosos sorrisos surgem de forma inevitável.
Sentimentos profundamente escondidos, começam timidamente a voltarem à tona.
A mente volta a trabalhar.
As palavras começam a se libertar.

sábado, 6 de novembro de 2010

Brida

"Nem mesmo na coisa mais importante de sua vida, o amor, havia conseguido ir até o fim; depois da primeira decepção, nunca mais se entregou por completo. Temia o sofrimento, a perda, a inevitável separação. Claro, estas coisas estavam sempre presentes na estrada do amor - e a única maneira de evitá-las era renunciando a percorrer a estrada. Para não sofrer era preciso também não amar.
Como se, para não enxergar as cosias ruins da vida, terminasse precisando furar os olhos.
É muito complicado viver."
Paulo Coelho

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Condição sem condição


É chegada a hora de outubro partir, e já estava bem na hora.
Longos dias comparados a uma eternidade de dificuldades sem fim.

Sei que para muitos, não fui a Laísa de setembro e para muitos outros, não serei a Laísa de outubro.
Para mim, não sou mais a Laísa de setembro nem de outubro.
Tenho me desconhecido a cada dia e a cada nova manhã, preciso apresentar-me para mim mesma, como dois estranhos que acabam de se conhecer.
E assim, todos os dias descubro que meus sentimentos já não condizem mais com meu coração. Em seguida, que meu coração já não condiz mais com minha razão. E então, que minha razão já não condiz mais com meus sentimentos.
Concluo então, a cada nova manhã, que nada condiz com nada mais em mim.
E de que adianta condizer, condizer, condizer se não há razão nem sequer condição?
 "O tempo é que vai passar
A gente só vai rodar
Na mesma ilusão de recomeçar...
"

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Procura-se por mim

Já não sei dizer se ainda sei sentir. 
O meu coração já não me pertence, já não quer mais me obedecer. 
Parece agora estar tão cansado quanto eu. 
Até pensei que era mais por não saber que ainda sou capaz de acreditar. 
Me sinto tão só e dizem que a solidão até que me cai bem. 
Às vezes faço planos, às vezes quero ir pra algum país distante, voltar a ser feliz.
Já não sei dizer o que aconteceu, se tudo que sonhei foi mesmo um sonho meu.
Se meu desejo então já se realizou, o que fazer depois, pra onde é que eu vou?
 Renato Russo

Não sei onde fui parar.
Minha vontade de escrever se estacionou em algum lugar desconhecido, distante de mim.
Me perdi das palavras.
Meus sentimentos, eu já nem sei mais distingui-los.
Preciso de um rumo e não sei o que fazer, não sei onde ir.

Logo, continuo na ausência, na esperança de me reencontrar lá, exatamente onde me deixei.

sábado, 16 de outubro de 2010

Pelo sabor do gesto


Quem já tocou o amor pelo sabor do gesto?
Sentiu na boca o som? Mordeu fundo a maçã?
Na casca, a vida vem tão doce e tão modesta.
Quem se perdeu de si?

Eu já toquei o amor pelo sabor do gesto.
Confesso que perdi, me diz quantos se vão?
Paixões passam por mim, amores que têm pressa.
Vão se perder em si.

Se o amor durou demais, bebeu nas suas veias.
Seus beijos de mentira não chegam muito longe.
Paixões correm por mim, são só suaves febres.
Seus beijos mais gentis derretem pela neve.
Pra que tocar o amor pelo sabor do gesto,
Se o gosto da maçã vem sempre indigesto?
Amarga essa canção, os dias e o resto
Se perde como um grão.

Mas se eu ousar amar pelo sabor do gesto
Te empresto da maçã, vai junto o coração.
Esquece o que eu não fiz,
Te sirvo o bom da festa
De um jeito mais feliz.

Paixões correm por mim, eu sei tudo de cor.
Carinho sem querer, me cansa e me dói.
Se o amor vem pra ficar, faz tudo mais bonito
Me basta ter na mão e o corpo tem razão.

Zélia Duncan

terça-feira, 12 de outubro de 2010

E quem não precisa de mudanças?

Roupas, cabelo, estilo, músicas, cores, amores. Modo de pensar, agir, enxergar, viver.
Nada mais é como era no instante em que acabou de passar. Tudo em constante mutação.
Rotina desgasta, monótono atrofia, enquanto o relógio corre em ritmo acelerado.

Depressa, vamos. A impaciente mudança está lá fora e não gosta muito de esperar.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O próximo espetáculo

Começo aqui encerrando. O primeiro espetáculo do show chegou ao seu fim.

Por detrás das cortinas ficaram saudosas lembranças.
Sorrisos, elogios, lágrimas, critícas e tudo o que deu vida e sucesso ao espetáculo finalizado.
Uma imensa platéia formada pelos mais diversos espectadores: os ocupantes das primeiras filas de cadeiras sempre presentes durante todo o espetáculo, enquanto outros assistem uma pequena parte e se vão, cedendo suas cadeiras para que novos espectadores as ocupem.
E nesse momento, as cortinas se fecham.
É hora de renovação. Trocar o figurino, mudar o roteiro, checar os últimos detalhes.

Respirar fundo.
3, 2, 1... abrem-se as cortinas.

Maioridade: eis a próxima apresentação.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Bye, September

30/09/2010.
Mais um setembro se foi. Partiu e consigo levou momentos marcantes, experiências inesquecíveis, lágrimas de dor e sorrisos imensamente valiosos.
Mês acolhedor de flores, vida, cores: é a chegada da primavera. Imperdível oportunidade de recomposição.


 Chega a hora de jogar os casacos e cachecóis pela janela e varrer de vez as folhas secas que o outono/inverno aqui esqueceram. É hora de abusar das cores, admirar as flores, desfrutar dos amores.
A chuva é a amiga de setembro. Há tempos andava desaparecida, deixando nós, habitantes dessa Terra quente e seca, necessitados da sua indescritível e insubstituível presença. Contudo, setembro acolhe-a, branda e serena para lavar nossos corpos e alma e nos trazer tranquilidade.
O nono mês do calendário chegou com tudo, cheio de surpresas, mudança de rotina, aparições inesperadas e trazendo consigo uma visão completamente inovada do chamo de amor.
Confesso, me pegastes um pouco desprevinida; o que fez com que eu o aproveitasse com maior intensidade que naturalmente eu aproveitaria. Tenho um grande apreço por situações 'não-combinadas'. Defendo a idéia de deixar rolar. E setembro rolou perfeitamente.
Mês de amadurecimento forçado. Ele chegou e disse: ou você amadurece, ou você amadurece.
Tive escolha? É, não tive.
Mês de boas pessoas. Pessoas especias que fazem de setembro, ainda mais especial.
Mês iniciante dos librianos. Mês de equilíbrio.
Agora, rapidamente ele parte. Vai embora sem despedir-se.
Aqui, guardo carinhosamente o que ficou expresso  em divertidas fotos e eternas lembranças: a saudade imensa de um setembro secretamente especial.

E vem , Outubro! Pode vir. Vem com tudo e se faça marcante, como fez setembro, e assim ficarei satisfeita.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Em paz com o cotidiano


Agora cai uma deliciosa chuva  lá fora. Mansa, ela vem suprindo o mínimo da minha necessidade de respirar um pouco de ar úmido, sentir o vento molhado bater em minha face, lavar um pouco dessa minha alma carregada de - boas e más - energias.
Sobrecarga de energias, eis a questão.
A falta de tempo me consome.
Falta tempo para pensar, para sentir, para querer.
Mas sabe de uma coisa? Eu prefiro que seja assim. Dessa forma, poupo-me de sofrimentos desnecessários provocados pelo ócio.
Se ocupo meus pensamentos com a busca de soluções para os problemas do cotidiano, com os trabalhos que tenho a fazer ou até mesmo com a busca de um futuro melhor para mim; resta pouquíssimo tempo para pensar no que me aflige. Assim, vou levando tranquilamente as horas corridas que tanto exigem meu esforço.
Mas o coração, como fica nessa história? Não pensem que tenho coração de pedra. Pelo contrário! Ele tem pulsado bem acelerado nos últimos dias e tenho meus pensamentos fixos, isso é fato. (E quem é responsável por isso, já sabe.)
O fato é que esse 'não-me-entregar' aos altos e baixos da vida tem me feito bem.
E saber administrar as dores e os amores tem me oferecido um bem-estar imensurável.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Instante petrificado


Após terem transformado os tantos quilômetros que os separavam em mínimos centímetros de distância, o irreal em palpável, o inacreditável em verdadeiro; ali estavam eles, cercados por quatro paredes, escurecidas pela falta de luz elétrica e até mesmo de luz solar, interrompidas pelas grandes janelas escuras.
Era dia. O bom humor exalava no ar. E não apenas o fato da luz do dia elevava em tamanha altura as taxas de humor. O que existia naquele instante era uma frequência de pensamentos indescritível.
Chegaram, entraram, sorriram à vontade. Era como se  houvesse anos de convivência (que na realidade, não passavam de alguns minutos).
Euforicamente, cantavam  suas músicas em comum.
Foi quando então, os olhares pararam em uma só linha de direção, fixando ali, como se os brilhos formassem um só jato de luz naquele cômodo escuro.
Os passos, involuntariamente, caminharam em sentidos diferentes, porém, na mesma direção.
De encontro, as mãos se uniram, oferecendo tal junção também ao restante dos corpos ali presentes.
Sorrisos inegáveis atropelaram o sincronismo daquele momento.
Uma mordida no canto da boca, uma mão na nuca, um suspiro, um instante, um leve encontro de lábios...

O mundo parou.

domingo, 19 de setembro de 2010

Quem sabe isso quer dizer amor



Hoje quero pensar, escrever, ser diferente.
Hoje quero falar de amor.
Um amor sem dúvidas. Distante de qualquer encanto passageiro, ou qualquer paixão ardente.
Um amor inexplicável, persistente e - em alguns momentos - até doloroso.
Um amor de grandeza monumental. Tão grande que até, em partes, desconhecido.
Um amor que soube esperar.
Um amor que trouxe consigo maturidade.
Um amor que ultrapassou todos os extremos.
Um amor que provou ser mesmo muito forte.
Um amor que se mostrou vencedor. Quebrou todas as barreiras, desde as mais dolorosas até as mais distantes.
Um amor que me surpreende. Desgastado por tantos empecilhos e absorto no tempo.
Um amor que possui sua própria trilha sonora.
Um amor composto de olhares e sorrisos incontroláveis, de saudades após minutos de distância, de ausência de palavras, de suspiros  de paz, de incessáveis beijos.
Um amor que agora carrega consigo uma tonelada de lembranças. Lembranças que aceleram a pulsação, que instigam as lágrimas, que apertam o peito.
Um amor que agora é feito de saudade.
Um amor que não poderia ser definido de outra forma, expresso de outra maneira, escrito em outras palavras.
Se isso não é amor, o que mais pode ser?
De uma coisa eu tenho certeza: o que eu sinto é amor.

"E se antes um pedaço da maçã, hoje eu quero a fruta inteira." 

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sobre mim



Afinal, quem somos nós? Você sabe exatamente quem é você? Eu sei ao exato quem sou eu? Não, eu não sei.
Hoje, visitando e analisando perfis aleatórios, me deparei questionando como as pessoas se definem com tanta certeza em apenas algumas frases e ponto final. Será que nossa personalidade cabe mesmo em algumas poucas linhas?
Após acordar desse questionamento, eu tentei formar um texto que descrevesse a mim, e confesso, não consegui.
Foi-se o tempo em que eu conseguia me limitar a algumas palavras.
As mudanças pelas quais eu atravesso todos os meus dias, horas e até minutos, não me deixam - nesse momento - formar um parágrafo descritivo sobre mim.
Descobri ser inconstante, muito insconstante.
Posso ser aquela alegre, sorridente, que passou ao teu lado na esquina anterior; e mais à frente, ser aquela desanimada pelas dúvidas da vida, na próxima esquina.
Posso ser aquela que move montanhas para ajudar à todos de manhã; e à tarde, me sentir cansada por não receber nada em troca.
Posso ser isso, aquilo e muito mais.
Conversando com alguém sobre minha personalidade, ouvi dizer que sou uma pessoa cheia de "faces". (Como complemento, disse-me que foi no bom sentido. Várias faces = várias formas.)
Aquela durona, cheia da fortaleza, que se sensibiliza com pequenos detalhes.
Aquela realista, objetiva, centrada, que vive planejando sonhos.
E realmente, eu não pude deixar de concordar.
Sou um tanto intensa. Gosto de extremos.
Vivo minha realidade dentro do sonho que eu própria crio, da minha própria forma, equilibrando meus defeitos, a partir das minhas qualidades.

sábado, 11 de setembro de 2010

Por onde andei?



Alguns dizem que eu sumi. Outros dizem que estou estranha. Ouço dizer que sentem minha falta, e não deixo crer na afirmativa. Eu realmente faço falta. Eu mesma andei sentindo minha falta.
Por entre pessoas embaraçosa; situações embaraçosas; relacionamentos embaraçosos; vida embaraçosa; eu fui me embaraçando. Sem às vezes perceber, me distanciando do meu equilíbrio interior.
Acho que é isso. Estávamos traçando caminhos distintos, eu e eu mesma. Acabei desencontrando comigo mesma.
Sinto necessidade de encontrar aquilo que deixei perdido pelo caminho. Esse é  meu objetivo. E sei que, para atingí-lo, preciso me recuar de todos os desvios e viver um pouco mais por mim.
Eis aqui a resposta  da questão.

A paz, escondida em algum canto, me provoca saudades.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010


I

Não reconheço.
O que pode ser além daquilo que vejo?
Vejo sinais, vejo gente, vejo caminhos
E todos interligados como necessidade.
Porém, não se reconhecem.
Transito por cantos, os bares falam,
As coisas se olham, mas cada um no seu canto.
Deveria, realmente, estar aqui? Ou seria melhor ali?
Às vezes nos questionamos tanto. Talvez seja esta a grande falha:
Querer saber demais e viver de menos.

O tempo que nos leva junto, de repente, deve saber a resposta.
Mas, pensando bem, o culpado de tudo é ele. Degrada-nos e revela que, com o tempo,
A gente não se reconhece mais.

II

Deixo que me falte palavras.
Ao passo que em outros segundos,
Seguidos ou não,
Juntá-las-ei novamente.
Crio e construo, senão o que me vem à mente,
E de meu contentamento,
o sentido se perde e só.

Faço dele nada, ou apenas como coisa que dá nó,
Parado onde é fruto de si mesmo,
Pois se quero, é muito além do que vejo.

E o tempo vem e passa, e vai,
Levando-nos a um lugar
        [onde já estamos.
Porque gostamos de ser assim: sempre; e sermos outros,
        [jamais ousamos.

E por entre olhares perdidos os quais nos julgam ou nos
        [levam a crer que somos,

Perguntamo-nos se é isto:
O que queremos; e um aviso: o que sempre seremos.

Como o mundo que se faz de nada
Ou a vida, que, com ela, aprendemos.


Por alguém muito especial. Alguém que só sabe organizar casa [e escrever].
L Nazar

Insuficiência



Poucas palavras.
Poucas idéias.
Poucas vontades.
Poucas pretenções.
Poucos planos.

Pouco calor.
Pouco gostar.
Pouco novo.

O monótono me enfraquece. A rotina me cansa.
No meu pequeno espaço, espero a aparição de um bom motivo que faça minhas borboletas baterem suas asas e enfim, seguirem viagem.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O dom de encantar-se


Mais uma vez, cá estou eu, entrando em contradição com todos os planos que eu havia traçado para vida nos últimos dias. Eu que, com toda convicção, bati no peito e disse que não mais me apaixonaria e nem me apagaria em nada, nem a ninguém, estou aqui, sempre cheia dos mais diversos encantos. E não me perguntem exatamente por que ou por quem, pois eu não saberei responder. Quando eu falo de encanto, não digo que, necessariamente, me encanto apenas por pessoas.
Me encanto por cheiros. Roupa limpa, chuva, fragrância de alguém especial.
Me encanto por cores. Desde a elegância do preto e branco até a diversidade do arco-íris, transpondo tudo que é visível aos nossos olhos.
Me encanto por sons. O dedilhado de um violão, o chamado da natureza, o timbre de uma voz especial.
Me encanto por palavras. Palavras simples e sinceras que são capazes de provocar variadas sensações, mudanças e fortes pulsações.
Me encanto por sorrisos. E logo te conto um segredo: O sorriso é a única arma que me deixa intacta. É para mim o que o ser humano tem de mais belo e valioso.
E não poderia deixar de me encantar por pessoas. Elas que têm me surpreendido tanto, dia após dia, com cheiros, cores, sons, palavras e sorrisos.
E se chega o desencanto? Ah, o mundo não me dá tempo e logo trata de colocar no meu caminho algo ou alguém que me desperte os mais doces e diversos sentimento, provocados pelo tal encanto.

"É a beleza que começa a agradar e a ternura completa o encanto."
Bernard Fontenelle

sábado, 28 de agosto de 2010

Relatos de um sábado a noite



Tenho vivido dias bastante movimentados. Problemas, desacertos, desamores, angústias. Minha cabeça tem sido guiada por um um grande acúmulo de pensamentos, como se fossem "pequenos curtas", transmitidos em minha mente dia e noite, aleatoriamente.
Com o passar das horas, com o vigor dos problemas, fui cultivando uma necessidade cada vez maior de "fugir", por alguns minutos apenas, dessa realidade conturbada do meu mundo. Eu necessitava de ar, respiração. Eu necessitava de mim.
Peguei meu capacete, subi na moto e fui. Segui  sem direção. Na companhia do vento frio que batia no meu rosto estrada afora, fui seguindo devagar, pensando em cada detalhe daquele momento, observando cada pedacinho de natureza ao meu redor, sentindo a liberdade me dominar a cada curva que eu fazia.
Quanto mais aqueles "pequenos curtas" ocupavam minha mente, mais eu queria acelerar. Era como se o vento forte provocado pela velocidade que eu me encontrava, levasse consigo toda aquelas sensações estranhas que tanto me atormentavam.
O céu, apesar de lindo e estrelado, estava incompleto, vazio. Foi quando algo me chamou muita atenção: a presença de uma estrela com o brilho mais intenso que as outras. Passavam-se metros, quilômetros até, e a estrela continuava a me acompanhar. De um lado para o outro, em meio aos movimentos curvilíneos que a estrada me conduzia, a estrela seguia junto de mim, num belo gesto de companherismo. E assim, eu a escolhi como minha estrela da noite. Pra ela dediquei um sorriso, ao perceber que havia me cativado. Fiz dela minha amiga. Em seguida, pensei nos meus verdadeiros companheiros, que mesmo nas curvas da vida, estão sempre ali, brilhando mais forte ao meu lado.
Comecei a associar minhas dificuldades com aquele trajeto que eu percorria. Percebia a todo instante uma dificuldade cruzando meu caminho, sempre me jogando pro acostamento. Ora automóveis maiores e mais fortes me assustavam, ora buracos apareciam e faróis altos quase me cegavam. E por mais assustador ou difícil que fosse, não julguei impossível. Às vezes era preciso reduzir a velocidade para vencer a dificuldade, em outros momentos, a solução era acelerar e encarar com voracidade a dificuldade imposta pelo caminho. E nesse jogo de percepção e associação, percebi que a vida é exatamente assim.
Quanto mais eu percebia a simplicidade daquele momento e a ligação do mesmo com a vivência do meu cotidiano, mais eu queria seguir em frente e vencer as barreiras daquele delicioso vento frio provocado pela forte aceleração. Entretanto, o frio já cortava as partes descobertas do meu corpo. O tempo passava, já estava ficando tarde, eu não queria correr perigo. Foi quando decidi voltar, com a cabeça já bem mais acentuada. Fiz o retorno e tomei o caminho de volta.
Foi quando algo muito inusitado aconteceu. Era como uma caixinha de surpresas sendo aberta, revelando ali algo de muito valioso. Desacelerei quase toda a velocidade na qual eu me encontrava. Naquele momento, senti vontade de parar e ficar ali a noite toda, naquela estupenda companhia.
Por detrás da montanha, que antes estava em minhas costas, foi surgindo um brilho maravilhoso, clareando o céu num tom laranja degradê, com seu formato (quase) rendondo; faltando uma parte, devido à sua mudança de fase. Era a Lua.
Agora sim, o céu estava completo e perfeito. Seu brilho era capaz de iluminar toda a estrada, sem ajuda dos faróis dos automóveis. Por não conseguir me conter, dediquei a ela vários sorrisos. Eu sabia que algo ali me aguardava; e lá estava ela, linda e clara, para encantar minha noite e decretar a libertação que eu ali buscava.
Como uma brincadeira de "esconde-esconde", ela corria de um lado para o outro no céu, em meio às estrelas, acompanhando as curvas que eu fazia, num sincronismo perfeito. E lá se encontrava, junto da senhora Lua, a minha amiga Estrela-Mais-Brilhante, fazendo com que minha noite se enchesse de encanto.
Enfim, pude completar meu trajeto de volta, acompanhada das minhas amigas noturnas, com um largo sorriso no rosto e no coração, um sentimento de paz e liberdade vindos diretamente do céu.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Saudoso sentimento



Sinto saudades de alguns.
Sinto saudades dos sorrisos sinceros, das brincadeiras ora completamente inguênuas, ora nem tanto. Sinto saudades das ligações saudáveis, para um simples "Oi, estou com saudades! Você está bem?". Sinto saudades das aparições inusitadas, em busca de apenas um abraço acolhedor. Sinto saudades de quando as atitudes vinham da livre e espontânea vontade, sem partir de nenhum interesse. Sinto saudades de poder contar todos meus segredos sem me preocupar com reações e contra-efeitos. Sinto saudades de receber conselhos que me fizessem pensar melhor nas minhas atitudes. Sinto saudades de ser útil sem ganhar nada em troca, além da gratidão. Sinto saudades dos longos minutos ou até horas perdidas, jogando papo fora ou desperdiçando sorrisos. Sinto saudades de irritar e ser irritada com carinho. Sinto saudades de querer dividir tudo que tenho, desde uma música, um livro ou um texto novo, até minhas conquistas e sonhos. Sinto saudades de contar todos os meus problemas e receber em troca as melhores palavras de conforto, aquelas que me fortalecem e me fazem seguir em frente. Sinto saudades da minha caixa de mensagens cheia. Sinto saudades  de ganhar chocolates e bilhetes idiotas. Sinto saudades de criar uma rotina diferente a cada semana.
Saudades de quando as pessoas eram puras, bondosas e únicas.
E tantas outras coisas mais que ficaram apenas na saudade.
O mundo então, trata de mudar tudo e todos, cada dia mais aliado à maldade, aplicando em nós uma boa dose de impureza.
Enquanto isso, vou me recuando do mundo. Sempre com um passo atrás, com "um olho na frente e outro na nuca", esperta, pronta pra qualquer golpe de defesa. E quando penso em me envolver o mínimo, o mundo trata de me mostrar que não é esse o caminho que devo seguir.
E assim vou vivendo, eu por mim mesma, em prol da minha própria defesa, em meio a uma grande e perigosa batalha.

"Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo. É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. O nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de acções e reacções, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente torna-se mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes. Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande... é a sua sensibilidade, sem tamanho."

Willian Shakespeare 

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sempre pela primeira vez


Em meio às divertidas ilustrações e gostosas palavras de Maíra Viana em O Teatro Mágico em Palavras, terminei encantada por um conto, em especial, com o qual muito me identifiquei. Sempre pela primeira vez,  inspirado na letra da música De Ontem em Diante - Teatro Mágico, relata exatamente tudo que, às vezes, eu não sei dizer.

"É como se eu nascesse todo dia. Não é incrível que existam bananeiras, abacateiros e jabuticabeiras? De onde será que veio tudo isso? Todo dia eu me faço as mesmas perguntas.
É como se eu estivesse vendo as coisas do mundo sempre pela primeira vez. Os vales, a chuva, os mares. A terra, os animais e as floretas. O fogo, o tempo e a claridade. Sem falar no céu com todas as suas estrelas e na lua com todas as suas fases.
Como surgiu tudo isso? Os meus porquês são palavras incontáveis.
O sentimento de absurdo me invade quando reparo na arquitetura humana. O sistema nervoso, veias e artérias, músculos e ossos, cérebro e coração. Bocas e braços, narizes e olhos, ouvidos e mãos. O ser humano é feito de uma perfeição absurda. Realmente inexplicável. Me admiro o tempo inteiro e acredito que nunca vou me acostumar com as coisas do mundo.
Quem criou tudo isso? A resposta óbvia me remete a Deus e eu pergunto: Se Deus criou tudo, quem criou Deus? Se tudo surgiu dele, de onde ele surgiu então? As perguntas continuam sendo as mesmas, só muda o sujeito da oração.
Eu vejo as coisas do mundo como quem assiste à um espetáculo de mágica. Num grande truque, o belo coelho branco surge de dentro da cartola até então vazia.
Como assim? Não sei. Mas quero muito saber. Todo dia eu acordo buscando saber quem sou e de onde vem o mundo. E me faço as mesmas perguntas. É como se eu estivesse vendo as coisas do mundo sempre pela primeira vez. É como se eu nascesse de novo, todo dia."

Lição do dia


Me perdoe a repetição da citação, mas é tudo que eu tenho a dizer agora.
E acredite: Quanto menos souberes do que as pessoas fazem ou deixam de fazer, melhor pra ti.

Mas não se esqueça: Assim como não se deve misturar bebidas, misturar pessoas também pode dar ressaca.
Martha Medeiros 


Sem menos, nem mais.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Sentimentos X Liberdade


Momento desabafo: MODE ON.

Somos responsáveis por aquilo que cativamos, já dizia Saint-Exupéry  em "O Pequeno Príncipe". Sim, eu hei de concordar que realmente somos. São elos de ligação que nos pertecem e é de nossa inteira responsabilidade sustentá-los. Entretanto, em meio à essa ligação, é válido lembrar que possuímos livre arbítrio para fazermos nossas escolhas, e assim, assumirmos as consequências - sejam elas quais forem - mais adiante. Desde que haja respeito em ambas partes, tal liberdade de escolher e assumir também deve ser respeitada por ambos.

Saber diferenciar sentimentos, pessoas e além de tudo saber reconhecer sua posição e direto de argumento diante de tais sentimentos referentes a determinadas pessoas, pode ajudar a agir de forma mais "consciente" diante algumas situações.

Momento desabafo: MODE OFF.

"Mas onde se deve procurar a liberdade é nos sentimentos. Esses é que são a essência viva da alma."
Johann Goethe

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Daqui pro mundo



Porque falar de passado, mudanças e aprendizados traz até a mim uma certa inspiração e me faz querer jogar pra fora tudo aquilo que eu não sei transformar em palavras.
Colocar na balança todos os ideais, pensamentos e atitudes que me cabiam diante do mundo há alguns meses atrás e compará-los à pessoa que sou hoje, me faz perceber o quanto foi válido cada dificuldade enfrentada, cada lágrima derramada, cada vestígio de desilusão perante o mundo; quando tudo não se passava de apenas um processo de mudança.
Fazendo das palavras de Renato Russo, as minhas, posso dizer: "E a cada hora que passa envelhecemos dez semanas...". A vida me fez crescer 10 anos em menos de 10 meses, talvez.
Perceber, a cada dia que se passava, o quanto é grande a crueldade e o individualismo dos seres humanos à minha volta, acabou criando em mim certos mecanismos de defesa que até então, a inocência não me permitia possuí-los.
E, devido a isso, hoje sei lidar um pouco melhor com as dificuldades, as mudanças e a realidade em si.
Aceitar a própria realidade, perceber que um hábito nunca é uma necessidade e logo após, aceitar a idéia de que - por mais difícil que seja acreditar nisso - determinados sentimentos não são essenciais para nossa sobrevivência, pode ter sido um bom começo de conversa.
Sei que tenho muito o que aprender com essa vida, louca vida.
A jornada começa aqui, daqui pro mundo.

"Troquei sonhos por objetivos. Eles são mais compactos, ocupam menos espaço e dão mais certo."
Martha Medeiros

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Indispensabilidades


Som da chuva. Borboletas no estômago. Chocolate preto. Criança. Sotaque baiano. Desejo. Rio de Janeiro. Romance com final feliz. Sono até onze da manhã. Maranhão. Calor e água de côco. Clarice Lispector. Sol maior. Reciprocidade. Seis de outubro. Triângulo Mineiro. Caio Fernando de Abreu. Arrepio. Sorriso sincero. Bernardo. Represa de Três Marias. Orllof. Sete.Olho grego. Twix. São Paulo. Twitter. Moto, capacete, vento. All star. Infinity. Lírio. Mundo inteiro. Fotografia. Atlético Mineiro. Salvador. Cinema. Havaianas. MSN. Los Hermanos. Notebook. Coca-cola. Beijo na boca. Cafuné no cabelo. Beijo na boca e cafuné no cabelo. Egeo. Sexo. Mar. Mandioca. Cores. Fone de ouvido. Photoshop. Corel Draw. Unhas vermelhas. John Mayer. Pão de queijo. Ah, Minas Gerais. Ensino médio. Pijama. Negresco. Saudade. Cinco sentidos. Acordes, tom, músicas. Silêncio. Poesia. Inspiração. Apaixonar. Desapaixonar. Preto e branco. Edredom e moletom. Mc Donalds. Avô. Mordida. Cócegas. Reveillon, novos planos, recomeço. Noite fria, abraço quente. Romper barreiras. Superar distância. Brincar. Levar a sério. Emprestar. Não se envergonhar. Errar. Pedir perdão. Voltar atrás. Querer bem. Esperar. Tolerar. Acariciar. Enfrentar. Permitir. Sentir. Sorrir.

domingo, 15 de agosto de 2010

Roda idiota


Talvez você não entenda, ou até nem eu mesma.
Eu só preciso de um pouco de silêncio e um vento frio, como o que agora balança as folhas das árvores lá fora, para que os sentimentos comecem a vibrar no mais interior de onde habitam, dúvidas comecem a me confundir, segredos comecem a se confesserem. E então, começo a me fazer perguntas. Perguntas surgem sem respostas, às vezes. Outrora, a resposta até exista, porém, necessito de uma certa organização de todos esses sentimentos, dúvidas e segredos para que eu possa encontrá-la.
Algo do tipo: O que eu faço aqui? Onde quero chegar? Por onde devo seguir? A quem devo confiar minha necessidade e retribuir com minha companhia?

Confesso, tenho cultivado um certo receio diante dos seres humanos.
Optei por guardar meu coração no bolso, de forma que, posso carregá-lo comigo durante todo o percurso e assim, mantenho-o protegido de toda e qualquer  malícia.

"Como se eu estivesse por fora do movimento da vida. A vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui parada, pateta, sentada no bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a linguagem dos outros. A linguagem que eles usam para se comunicar quando rodam assim e assim por diante nessa roda-gigante. Você tem um passe para a roda-gigante, uma senha, um código, sei lá. Você fala qualquer coisa tipo bá, por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada, sem saber a palavra certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia, louca de vontade de estar lá, rodando junto com eles nessa roda idiota [...]"
Caio Fernando de Abreu

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Acredita em anjo?


"Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam." 
Clarice Lispector.


Sim, eu acredito em anjos e para mim eles existem.
Seja ele de onde for, ou pra onde vá, seja de qualquer lugar; eles existem.
Seja qual for sua raça, forma ou nome, o que importa é o cuidado a mim concecido.
E posso afirmar, com vestígios de honra e saudade que muitos já trilharam meu caminho, atravessaram minha vida. 
Alguns apenas à passeio, outros talvez curtindo umas férias.
Alguns vieram, mas a vida os reservou para uma outra missão qualquer, me deixando aos cuidados de outros de seus companheiros.
Outros, chegaram definivitamente pra ficar.

Agradeço à Deus pelos anjos à mim enviados. Sem suas guardas, com certeza eu já havia sido atingida por vários males que por eles foram desviados.

Aos meus anjos, minha sincera gratidão.


domingo, 8 de agosto de 2010

O homem da minha vida


Tudo começou quando em um sonho (ainda jovem), uma menina o chamava de pai.
E a realidade tratou de fazer com que aquele insignificante sonho se realizasse, dando-me a vida e até mesmo nome da tal garotinha do sonho.
A ele, concedi a primeira palavra por mim pronunciada; quando por muito esforço, soltei um arrastado "Pa-pa-pa-pa-paaai".
 Meu professor de vida.
Com ele aprendi a lutar tae-kwon-do, gostar de "beber coxinha e comer coca" e que não se deve enfiar o dedo na tomada nem chutar a fruteira quando se quer alguma coisa.
Herdei umas das mais bonitas paixãoes: Altético-MG.
Aprendi a gostar de esportes, a esforçar-me parar tirar 11 quando a prova valia 10 e ler toda a coleção de livros da "Vaga-lume".
Anos mais tarde, aprendi também o quanto é gostoso tomar uma cervejinha, uma caipirinha e quando elas se misturam, o quanto NÃO é gostoso.
Aprendi que honestidade, caráter e transparência são valores essenciais para minha vida.
Aprendi que devo respeitar os defeitos dos outros e fazer o possível para viver em paz, onde quer que eu esteja.
Percebi, mesmo quando achei que era "a dona da razão", que devia ouvir o conselho ou opinião de quem realmente me quer bem. E se não ouvi, mais hora, menos hora, quebrei a cara.
 Aprendi que amigos verdadeiros são nossos familiares mais próximos e que não há ninguém no mundo que susbtitua essa presença.
Aprendi que posso ser mais, mesmo quando acho que não consigo.
Aprendi agradecer pelo que tenho, dar valor ao que me pertence e não reclamar jamais.
Aprendi a não desperdiçar, desde o alimento até as oportunidades.
Aprendi que não devo passar por cima das leis da vida pela minha vontade.
Aprendi que algumas vezes é preciso abrir mão do meu querer por alguém.
Aprendi, aprendi, aprendi... e sei que ainda tenho muito que com ele aprender.

Ele, quem tomei como meu principal espelho e exemplo.
A quem posso dizer que, se eu não fosse eu, queria ser ele.
Ele que não merece apenas um simples presente de dia dos pais, mas todo o meu esforço para tentar ser a melhor filha do mundo.
A quem eu devo minhas melhores virtudes.
A quem pertence minha completa admiração.
Quem não é simplesmente um pai... É O MEU PAI.

sábado, 7 de agosto de 2010

Insetos interiores


Notas de um observador:

Existem milhões de insetos almáticos.
Alguns rastejam, outros poucos correm.
A maioria prefere não se mexer.
Grandes e pequenos.
Redondos e triangulares,
de qualquer forma são todos quadrados.
Ovários, oriundos de variadas raízes radicais.
Ramificações da célula rainha.
Desprovidos de asas,
não voam nem nadam.
Possuem vida, mas não sabem.
Duvidam do corpo,
queimam seus filmes e suas floras.
Para eles, tudo é capaz de ser impossível.
Alimentam-se de nós, nossa paz e ciência.
Regurgitam assuntos e sintomas.
Avoam e bebericam sobre as fezes.
Descansam sobre a carniça,
repousam-se no lodo,
lactobacilos vomitados sonhando espermatozóides que não são.
Assim são os insetos interiores.

A futilidade encarrega se de "mais tralos'.
São inóspitos, nocivos, poluentes.
Abusam da própria miséria intelectual,
das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia.
O veneno se refugia no espelho do armário.
Antes do sono, o beijo de boa noite.
Antes da insônia, a benção.

Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa.
A família.
São soníferos, chagas sem curas.
Não reproduzem, são inférteis, infiéis, "infértebrados".
Arrancam as cabeças de suas fêmeas,
Cortam os troncos,
Urinam nos rios e nas somas dos desagravos, greves e desapegos.
Esquecem-se de si.
Pontuam-se


A cria que se crie, a dona que se dane.
Os insetos interiores proliferam-se assim:
Na morte e na merda.

Seus sintomas?
Um calor gélido e ansiado na boca do estômago.
Uma sensação de: o que é mesmo que se passa?

Um certo estado de humilhação conformada o que parece bem vindo e quisto.
É mais fácil aturar a tristeza generalizada
Que romper com as correntes de preguiça e mal dizer.
Silenciam-se no holocausto da subserviência
O organismo não se anima mais.
E assim, animais ou menos assim,
Descompromissados com o próprio rumo.
Desprovidos de caráter e coragem,
Desatentos ao próprio tesouro...caem.
Desacordam todos os dias,
não mensuram suas perdas e imposturas.
Não almejam, não alma, já não mais amor.
Assim são os insetos interiores.


O Teatro Mágico

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

"Tempo, tempo, mano velho, falta um tanto ainda, eu sei..."


"Tente enxergar esses sentimentos como eles verdadeiramente são. Eu tenho certeza que o que realmente for verdadeiro, vai saber esperar, vai saber acontecer no seu devido tempo."
Half of my heart's got a grip on the situation, half of my heart takes time.
John Mayer

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Apesar dos pesares...


Ainda recebemos o brilho do sol no rosto, ao levantar pela manhã.
Ainda desejamos que as pessoas ao nosso redor tenham um bom dia.
Ainda lembramos os sonhos que tivemos ao longo na noite, mesmo que seja um bom tempo depois de ter acordado, e ainda sorrimos por isso.

Ainda nos divertimos, mesmo quando tudo tende a estragar nosso dia.
Ainda sentimos saudades das manhãs em que não tínhamos responsabilidades, problemas a resolver, dia de expediente a enfrentar.
Ainda podemos desfrutas das riquezas da nossa natureza.
Ainda existem pessoas gentis, generosas e simpáticas.
Ainda acreditamos no acaso.
Ainda somos fortalecidos pela esperança, seja ela qual for.

Ainda sabemos perdoar, mesmo não esquecendo com facilidade.
Ainda erramos e tomamos o erro como aprendizado.
Ainda preservamos os poucos verdadeiros amigos.
Ainda esperamos, por mais que a inocência não mais exista em nós, um presentinho do Papai Noel na noite de Natal.
Ainda desejamos um chocolatezinho do coelhinho no domingo de Páscoa.
Ainda sabemos - na maioria das vezes - separar razão e coração.
Ainda existe sintonia entre pessoas que são ligadas por elos mais fortes que qualquer distância.
Ainda encontramos pessoas semelhantes a nós, perdidas pelo caminho.
Ainda nos apaixonamos.
Ainda achamos o mundo belo quando somos acorrentados por uma cega paixão.
Ainda sonhamos com nossos filhos, nossa casa e uma família feliz.
Ainda existem cores e sons capazes de nos encantar.
Ainda temos muito o que aprender.
Ainda temos muito o que ensinar.
Ainda temos muito o que sentir.
Ainda temos muito o que viver.

Embaração provisória


Onde estou? Pra onde vou?

Qual é o destino dessa correnteza vital que junto dela me leva, sem sequer saber pra onde vou, se quero ir, se devo ir?
Qual a próxima parada dessa embarcação lotada de passageiros, onde cada aguarda seu destino de chegada, sem sequer preocupar se você está sozinho ou acompanhado, precisa de ajuda ou não?

"- Boa tarde, senhor. Posso me assentar ao teu lado?
- Não, já está ocupado."

"- Bom dia, minha senhora. Tem alguém nesse assento?
(Não houve resposta.)"

Sigo pelo caminho ainda em pé, procurando um assento ideal, onde eu possa me sentir segura junto dos que estão à minha volta, onde eu me acomode com tranquilidade, facilitando assim, que eu siga meu trajeto à frente até encontrar o destino do meu ponto de chegada.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Um passo a mais


Mais uma vez o silêncio me domina e a dor da dificuldade toma minhas palavras.
Não encontro outra alternativa a não ser seguir em frente, da forma que o caminho me permite.
Um passo. Força. Outro passo.
Sigo assim com o som do meu silêncio e só.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Poema



"Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei de um tempo

Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim

E que não tem fim

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás."


Sa lve salve, Cazuza e seu belo poema.
Bom dia, mês. Bom dia semana. Bom dia, ânimo, expectativas e novos ideiais.
A gente se vê por aí.

domingo, 1 de agosto de 2010

500 days of Summer

Sabe, sempre acreditei muito em destino. Todavia, assistir esse filme me fez pensar um pouco diferente das minhas atuais teorias de vida.
É certo que tudo na vida se ajeita e nos entregar às dificuldades é realmente perca de tempo.
Olhar o mundo a nossa volta, abrir os horizontes e deixar que a sorte se aproxime pode ser um bom começo.

"This is not a love story. Its a story about a love."


"- Eu não acredito em amor.
- Porque não?
- Porque ele não existe.
- Como sabe que ele não existe?
- Como sabe se ele existe?
- Vai saber quando sentir."

"Coincidência. É tudo que qualquer coisa é, nada mais que coincidência.
Não existem milagres. Não existe essa coisa de destino. Nada é pra ser."

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Relicário


Acabo de confirmar - o que ainda a pouco era meia certeza - que nesse mundo nada é inexplicável. Tudo o que debaixo desse céu existe, é composto de um porquê, uma razão e - talvez - um porém. Nesse instante, sou capaz de crer nessa teoria, assim como posso afirmar que 1+1 são 2.

E como nada acontece por acaso, eu já tinha redigido mais da metade de um post, relatando fragmentos, pensamentos e confissões de um sentimento que em mim vive oculto; quando, por ação de uma força maior, procurei me informar (da forma que tive alcance) sobre o que tem acontecido nas últimas horas com a pessoa responsável por tal sentimento. E como se o ditado já não tivesse várias vezes me avisado que "quem procura, acha", o acaso me fez mudar de idéia, desviando o rumo do meu post e me conduzindo a outras conclusões.

Então, relatarei aqui algo que se encontra entre as coisas que dessa tal pessoa me restou e que só hoje, tive plena certeza de que realmente é verdadeiro.

Assim como ela (essa pessoa), eu possuo uma caixinha.
Um lugar onde apenas eu tenho acesso, apenas eu controlo o que permanece ou não dentro dela, apenas eu sei onde ela se encontra.
Dentro dessa caixinha, guardo tudo o que em mim um dia se fez especial. Escondo ali todo o bem que um dia a mim foi concedido, de todas as pessoas que um dia se fizeram importantes.

Meu relicário.
Essa caixinha vive fechada à sete chaves.
Sua eventual abertura pode provocar vários danos psicológicos e podem gerar desagradáveis consequências, como me aconteceu hoje, ao mudar de idéia sobre o post que por esse substiuí.
Prefiro que ela permaneça fechada, que minhas relíquias se protejam de toda e qualquer situação que as coloque em risco.

Preciso preservá-las.
Preciso escondê-las.
Preciso protejê-las.
Afinal, uma vez que danificadas, posso nunca mais tê-las de volta.

Peço encarecidamente à todos aqueles que por ventura tenham acesso, que não se aproximem do meu relicário. Peço que o prezem e respeitem, pois no momento, é tudo que tenho.
"Guarde esse amor, ele é todo seu."

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Pandemônio


Bate coração, bate.
Acelera a pulsação.
Assusta todos seus inqulinos - a quem chamamos sentimentos - que ali quietos, intactos, se faziam "mortos", repousavam por um certo tempo sem nenhuma manifestação.
Acorda e faz balançar as estruturas daqueles que se encontravam imóveis.
Sacode, agita, rexeme, batuca, aquece.
Arranca profundos suspiros, instiga largos sorrisos.
Tremem as mãos e as pernas. Os pés balançam. O arrepio passeia pelo corpo inteiro.
Vontade absurda de colocar tudo pra fora, que por um instante, domina por inteiro o controle.
E passageiro como a velocidade da luz, o bendito (ou maldito) instante se vai; levando consigo a aceleração, a agitação, os profundos suspiros, o balanço, o arrepio e o incontrole, restando apenas vestígios de desordem, onde tudo volta a ser calmaria.

Poderosa inocência


De mínima estatura e tamanha doçura, vagarosamente caminha em minha direção.
Abre, aos poucos, um grande sorriso acompanhado do compasso de seus lentos passos que colorem todo o espaço à sua volta, numa mágica sincronia.
Ao se aproximar, obriga-me com a força do teu encantador sorriso, abaixar meu corpo até que alcance tua altura, igualando tua face à minha.
Chegando bem pertinho, me "lasca" um gostoso beijo na bochecha e murmura em meu ouvido:
- Senti saudades de você.

Pra você, conto um segredo: Crianças são capazes de mudar meu mundo com um simples gesto de carinho.

terça-feira, 27 de julho de 2010

O sotaque das mineiras


Com tamanho orgulho que tenho do meu maravilhoso estado, devo dizer que me apaixonei um pouco mais por ele e ainda mais pelo glorioso Carlos Drummond de Andrade após ler essa gracinha de texto, que recebi de uma pessoa muito especial há uns dias atrás.


"O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar.
Porque, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é
que o falar, sensual e lindo ficou de fora?
Porque, Deus, que sotaque!

Mineira devia nascer com tarja preta avisando: ouvi-la faz mal à saúde.
Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: só isso?
Assino achando que ela me faz um favor.

Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma.
Certa vez quase propus casamento a uma menina que me ligou por engano, só pelo sotaque.
Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas.
Preferem, sabe-se lá por que, abandoná-las no meio do caminho (não dizem: pode parar, dizem: "pó parar").

Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem - lingüisticamente falando - apenas de uais, trens e sôs.
Digo-lhes que não. Mineiro não fala que o sujeito é competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é bom de serviço.

Pouco importa que seja um juiz de direito, um jogador de futebol ou um ator de filme pornô. Se der no couro - metaforicamente falando, claro - ele é bom de
serviço.

Faz sentido...

Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem.
Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há de perguntar pra outra: "cê tá boa?" Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma mineira se ela tá boa é desnecessário.

Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada.
Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer: Mexe com isso não, sô (leia-se: sai dessa, é fria, etc).
O verbo "mexer", para os mineiros, tem os mais amplos significados.
Quer dizer, por exemplo, trabalhar.
Se lhe perguntarem com que você mexe, não fique ofendido.
Querem saber o seu ofício.

Os mineiros também não gostam do verbo conseguir.
Aqui ninguém consegue nada. Você não dá conta.
Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz:
Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não,sô.

Esse "aqui" é outro que só tem aqui.
É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública, de qualquer frase. É mais usada, no entanto, quando você quer falar e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer, "olá, me escutem, por favor". É a última instância antes de jogar um pão de queijo na cabeça do interlocutor.

Mineiras não dizem "apaixonado por".
Dizem, sabe-se lá por que, "pêxonado com".
Soa engraçado aos ouvidos forasteiros.
Ouve-se a toda hora: "Ah, eu pêxonei com ele...".
Ou: "sou doida com ele" (ele, no caso, pode ser você, um carro, um cachorro).
Elas vivem apaixonadas "com" alguma coisa.

Que os mineiros não acabam as palavras, todo mundo sabe. É um tal de "bonitim", "fechadim", e por aí vai. Já me acostumei a ouvir: "E aí, vão?". Traduzo: "E aí, vamos?".

Não caia na besteira de esperar um "vamos" completo de uma mineira. Não ouvirá nunca.
Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira. Nada pessoal. Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas.

No supermercado, não faz muitas compras, ele compra "um tanto de côsa".
O supermercado não estará lotado, ele terá "um tanto de gente".
Se a fila do caixa não anda, é porque está "agarrando" [aliás, "garrando"] lá na frente. Entendeu? Agarrar é agarrar, ora!

Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um mendigo e ficar com pena, suspirará: Ai, gente, que dó. É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras.

Não vem caçar confusão pro meu lado.
Porque, devo dizer, mineiro não arruma briga, mineiro "caça confusão".
Se você quiser dizer que tal sujeito é arruaceiro, é melhor falar, para se fazer entendido, que ele "vive caçando confusão".

Para uma mineira falar do meu desempenho sexual, ou dizer que algo é muitíssimo bom vai dizer: "Ô, é sem noção". Entendeu, leitora? É sem noção! Você não tem, leitora,
idéia do "tanto de bom" que é.
Só não esqueça, por favor, o "Ô" no começo, porque sem ele não dá para dar
noção do tanto que algo é sem noção, entendeu?

Capaz... Se você propõe algo e ela diz: capaz!!!
Vocês já ouviram esse "capaz"? É lindo.
Quer dizer o quê? Sei lá, quer dizer "ce acha que eu faço isso"? com algumas toneladas de ironia...
Se você ameaçar casar com a Gisele Bundchen, ela dirá: "Ô dó dôcê". Entendeu? Não? Deixa para lá.

É parecido com o "nem...". Já ouviu o "nem..."?
Completo ele fica:- Ah, nem...
O que significa? Significa, amigo leitor, que a mineira que o pronunciou não fará o que você propôs de jeito nenhum.
Mas de jeito nenhum.

Você diz: "Meu amor, cê anima de comer um tropeiro no Mineirão?".
Resposta: "Nem..." Ainda não entendeu? Uai, nem é nem.

Leitor, você é meio burrinho ou é impressão?
A propósito, um mineiro não pergunta: "você não vai?".
A pergunta, mineiramente falando, seria:
"cê não anima de ir"?
Tão simples. O resto do Brasil complica tudo.

É, ué, cês dão umas volta pra falar os trem...
Falando em "ei...".
As mineiras falam assim, usando, curiosamente, o "ei" no lugar do "oi".
Você liga, e elas atendem lindamente: "eiiii!!!", com muitos pontos de
exclamação, a depender da saudade...
Tem tantos outros...

O plural, então, é um problema. Um lindo problema, mas um problema.
Sou, não nego, suspeito.
Minha inclinação é para perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das mineiras.

Aliás, deslizes nada.
Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão.
Se você, em conversa, falar: Ah, fui lá comprar umas coisas..
Ques côsa? - ela retrucará.
O plural dá um pulo. Sai das coisas e vai para o que.

Ouvi de uma menina culta um "pelas metade", no lugar de "pela metade".
E se você acusar injustamente uma mineira, ela, chorosa, confidenciará: Ele pôs a culpa "ni mim".

A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios em Minas...
Ontem, uma senhora docemente me consolou: "prôcupa não, bobo!".
E meus ouvidos, já acostumados às ingênuas conjugações mineiras, nem se espantam. Talvez se espantassem se ouvissem um: "não se preocupe", ou algo assim.

A fórmula mineira é sintética. E diz tudo.
Até o "tchau" em Minas é personalizado.
Ninguém diz tchau pura e simplesmente.
Aqui se diz: "tchau procê", "tchau procês".
É útil deixar claro o destinatário do tchau.
Então..."

Um abraço bem apertado procê."


Carlos Drummond de Andrade

Se encontrou aí? Eu também. (:

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Acúmulo de acúmulos



Acúmulo de pessoas.
Acúmulo de sentimentos.
Acúmulo de palavras.
Acúmulo de problemas.
Acúmulo de situações.
Acúmulo de esperanças.
Acúmulo de ansiedade.
Acúmulo de desgastes.
Acúmulo de dívidas.
Acúmulo de cobranças.
Acúmulo de dores.
Acúmulo de costumes.
Acúmulo de rotina.
Acúmulo de ERROS.
Um mal de que te cega, te derrubando sem que você perceba a queda.
Mal esse que venda teus olhos, te levando à loucura.
Acredito que não há ser humano nesse mundo que suporte o acúmulo de acúmulo.
Chega um certo ponto que é preciso parar tudo que está em andamento e olhar pra trás, analisar cada detalhe e enxergar onde está o incorreto.
Oportunidades não nos faltam. Estão por aí, a todo instante, a nossa volta e sequer conseguimos perceber e enxergar mais profundo. O superficial nos faz cegos diante das coisas boas e saudáveis da vida. Culpa do acúmulo.
E aqui fica minha tentativa de levar uma vida um pouco menos excessiva.

"A virtude termina sempre onde começa o excesso."
Jean Massillon

quinta-feira, 22 de julho de 2010

(In)controle



Tenho vivido dias estranhos.
Dias longos, horas intermináveis.
Sentimentos exageradamente intensos, uma verdadeira briga de sensações.
Bipolaridade à flor da pele.
Consequências com seus devidos merecimentos.
Tudo isso por uma inútil causa, minha ansiedade.
E em meio às minhas próprias conversas com meu eu interior, flagro-me aconselhando a minha mesma:
- Relaxa, Laísa! Tudo passa.

E vai passar, eu sei.
Agora posso (tentar) dormir tranquila, já que não faço isso a uma semana.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Como uma onda


Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará

A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo

Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar


É, como uma onda no mar...
Um leva e traz, provocado pelos fortes ventos que formam milhares de ondas ao decorrer do dia.
Ora horas gigantes, ora ondas mínimas, mas sempre com o mesmo destino.
Seja qual for o caminho percorrido ou o tempo gasto, as ondas terminam sempre quebrando-se na orla da praia, junto da areia que absorve ali, as mais lindas conchas, corais e outras belezas mais transportadas pela velocidade da água.

E assim é nossa vida.
Em meio ao vendaval que forma infinitas ondas, que movimenta nossas estruturas, nos cabe apenas esperar fim da turbulência, quando tudo volta à calmaria original, restando apenas o que podemos tomar como aprendizdo e carregar conosco como uma coleção de conchas e corais.

Silence


"Se você não consegue entender o meu silêncio de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos."

Oscar Wilde

Sem menos nem mais, me calo.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Aos meus poucos e necessários amigos


“Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
(...) Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero o meu avesso.
(...) Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
(...) Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto: e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo, loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que “normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."


Oscar Wilde

Não cabe em palavras o significado de um amigo.
Apenas peço à Deus que os abençõe sempre, para que eu possa desfrutar da graça de tê-los comigo, enquanto houver vida.

Obrigada por serem vocês, meus amigos.

sábado, 17 de julho de 2010

Quanto custa um sorriso?


Tenho andado distribuindo muitos sorrisos por aí.
As ruas, as casas, as árvores, as flores, os carros, os semáforos e tudo mais a minha volta parecem abrir largos sorrisos por onde tenho andado.
Os dias têm passado, colorindo meu universo preto e branco.
As músicas sorriem delicadamente ao chegarem à minha audição.
Permito nesse instante que vida sorria para mim, vivendo assim, com mais vida.
Já não mais me poupo de sorrisos.

Se a sorte me sorriu, por que não sorrir de volta?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Existem coisas que o dinheiro não compra...




Começar o dia de forma desagradável, passar o dia abafada e sem lugar e finalizar o dia acompanhada de sorrisos ingênuos, abraços apertados, olhares sinceros, músicas especiais, violão e amigos... NÃO TEM PREÇO!

"Por isso não vá embora..."