sábado, 28 de agosto de 2010

Relatos de um sábado a noite



Tenho vivido dias bastante movimentados. Problemas, desacertos, desamores, angústias. Minha cabeça tem sido guiada por um um grande acúmulo de pensamentos, como se fossem "pequenos curtas", transmitidos em minha mente dia e noite, aleatoriamente.
Com o passar das horas, com o vigor dos problemas, fui cultivando uma necessidade cada vez maior de "fugir", por alguns minutos apenas, dessa realidade conturbada do meu mundo. Eu necessitava de ar, respiração. Eu necessitava de mim.
Peguei meu capacete, subi na moto e fui. Segui  sem direção. Na companhia do vento frio que batia no meu rosto estrada afora, fui seguindo devagar, pensando em cada detalhe daquele momento, observando cada pedacinho de natureza ao meu redor, sentindo a liberdade me dominar a cada curva que eu fazia.
Quanto mais aqueles "pequenos curtas" ocupavam minha mente, mais eu queria acelerar. Era como se o vento forte provocado pela velocidade que eu me encontrava, levasse consigo toda aquelas sensações estranhas que tanto me atormentavam.
O céu, apesar de lindo e estrelado, estava incompleto, vazio. Foi quando algo me chamou muita atenção: a presença de uma estrela com o brilho mais intenso que as outras. Passavam-se metros, quilômetros até, e a estrela continuava a me acompanhar. De um lado para o outro, em meio aos movimentos curvilíneos que a estrada me conduzia, a estrela seguia junto de mim, num belo gesto de companherismo. E assim, eu a escolhi como minha estrela da noite. Pra ela dediquei um sorriso, ao perceber que havia me cativado. Fiz dela minha amiga. Em seguida, pensei nos meus verdadeiros companheiros, que mesmo nas curvas da vida, estão sempre ali, brilhando mais forte ao meu lado.
Comecei a associar minhas dificuldades com aquele trajeto que eu percorria. Percebia a todo instante uma dificuldade cruzando meu caminho, sempre me jogando pro acostamento. Ora automóveis maiores e mais fortes me assustavam, ora buracos apareciam e faróis altos quase me cegavam. E por mais assustador ou difícil que fosse, não julguei impossível. Às vezes era preciso reduzir a velocidade para vencer a dificuldade, em outros momentos, a solução era acelerar e encarar com voracidade a dificuldade imposta pelo caminho. E nesse jogo de percepção e associação, percebi que a vida é exatamente assim.
Quanto mais eu percebia a simplicidade daquele momento e a ligação do mesmo com a vivência do meu cotidiano, mais eu queria seguir em frente e vencer as barreiras daquele delicioso vento frio provocado pela forte aceleração. Entretanto, o frio já cortava as partes descobertas do meu corpo. O tempo passava, já estava ficando tarde, eu não queria correr perigo. Foi quando decidi voltar, com a cabeça já bem mais acentuada. Fiz o retorno e tomei o caminho de volta.
Foi quando algo muito inusitado aconteceu. Era como uma caixinha de surpresas sendo aberta, revelando ali algo de muito valioso. Desacelerei quase toda a velocidade na qual eu me encontrava. Naquele momento, senti vontade de parar e ficar ali a noite toda, naquela estupenda companhia.
Por detrás da montanha, que antes estava em minhas costas, foi surgindo um brilho maravilhoso, clareando o céu num tom laranja degradê, com seu formato (quase) rendondo; faltando uma parte, devido à sua mudança de fase. Era a Lua.
Agora sim, o céu estava completo e perfeito. Seu brilho era capaz de iluminar toda a estrada, sem ajuda dos faróis dos automóveis. Por não conseguir me conter, dediquei a ela vários sorrisos. Eu sabia que algo ali me aguardava; e lá estava ela, linda e clara, para encantar minha noite e decretar a libertação que eu ali buscava.
Como uma brincadeira de "esconde-esconde", ela corria de um lado para o outro no céu, em meio às estrelas, acompanhando as curvas que eu fazia, num sincronismo perfeito. E lá se encontrava, junto da senhora Lua, a minha amiga Estrela-Mais-Brilhante, fazendo com que minha noite se enchesse de encanto.
Enfim, pude completar meu trajeto de volta, acompanhada das minhas amigas noturnas, com um largo sorriso no rosto e no coração, um sentimento de paz e liberdade vindos diretamente do céu.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Saudoso sentimento



Sinto saudades de alguns.
Sinto saudades dos sorrisos sinceros, das brincadeiras ora completamente inguênuas, ora nem tanto. Sinto saudades das ligações saudáveis, para um simples "Oi, estou com saudades! Você está bem?". Sinto saudades das aparições inusitadas, em busca de apenas um abraço acolhedor. Sinto saudades de quando as atitudes vinham da livre e espontânea vontade, sem partir de nenhum interesse. Sinto saudades de poder contar todos meus segredos sem me preocupar com reações e contra-efeitos. Sinto saudades de receber conselhos que me fizessem pensar melhor nas minhas atitudes. Sinto saudades de ser útil sem ganhar nada em troca, além da gratidão. Sinto saudades dos longos minutos ou até horas perdidas, jogando papo fora ou desperdiçando sorrisos. Sinto saudades de irritar e ser irritada com carinho. Sinto saudades de querer dividir tudo que tenho, desde uma música, um livro ou um texto novo, até minhas conquistas e sonhos. Sinto saudades de contar todos os meus problemas e receber em troca as melhores palavras de conforto, aquelas que me fortalecem e me fazem seguir em frente. Sinto saudades da minha caixa de mensagens cheia. Sinto saudades  de ganhar chocolates e bilhetes idiotas. Sinto saudades de criar uma rotina diferente a cada semana.
Saudades de quando as pessoas eram puras, bondosas e únicas.
E tantas outras coisas mais que ficaram apenas na saudade.
O mundo então, trata de mudar tudo e todos, cada dia mais aliado à maldade, aplicando em nós uma boa dose de impureza.
Enquanto isso, vou me recuando do mundo. Sempre com um passo atrás, com "um olho na frente e outro na nuca", esperta, pronta pra qualquer golpe de defesa. E quando penso em me envolver o mínimo, o mundo trata de me mostrar que não é esse o caminho que devo seguir.
E assim vou vivendo, eu por mim mesma, em prol da minha própria defesa, em meio a uma grande e perigosa batalha.

"Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo. É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. O nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de acções e reacções, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente torna-se mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes. Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande... é a sua sensibilidade, sem tamanho."

Willian Shakespeare 

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sempre pela primeira vez


Em meio às divertidas ilustrações e gostosas palavras de Maíra Viana em O Teatro Mágico em Palavras, terminei encantada por um conto, em especial, com o qual muito me identifiquei. Sempre pela primeira vez,  inspirado na letra da música De Ontem em Diante - Teatro Mágico, relata exatamente tudo que, às vezes, eu não sei dizer.

"É como se eu nascesse todo dia. Não é incrível que existam bananeiras, abacateiros e jabuticabeiras? De onde será que veio tudo isso? Todo dia eu me faço as mesmas perguntas.
É como se eu estivesse vendo as coisas do mundo sempre pela primeira vez. Os vales, a chuva, os mares. A terra, os animais e as floretas. O fogo, o tempo e a claridade. Sem falar no céu com todas as suas estrelas e na lua com todas as suas fases.
Como surgiu tudo isso? Os meus porquês são palavras incontáveis.
O sentimento de absurdo me invade quando reparo na arquitetura humana. O sistema nervoso, veias e artérias, músculos e ossos, cérebro e coração. Bocas e braços, narizes e olhos, ouvidos e mãos. O ser humano é feito de uma perfeição absurda. Realmente inexplicável. Me admiro o tempo inteiro e acredito que nunca vou me acostumar com as coisas do mundo.
Quem criou tudo isso? A resposta óbvia me remete a Deus e eu pergunto: Se Deus criou tudo, quem criou Deus? Se tudo surgiu dele, de onde ele surgiu então? As perguntas continuam sendo as mesmas, só muda o sujeito da oração.
Eu vejo as coisas do mundo como quem assiste à um espetáculo de mágica. Num grande truque, o belo coelho branco surge de dentro da cartola até então vazia.
Como assim? Não sei. Mas quero muito saber. Todo dia eu acordo buscando saber quem sou e de onde vem o mundo. E me faço as mesmas perguntas. É como se eu estivesse vendo as coisas do mundo sempre pela primeira vez. É como se eu nascesse de novo, todo dia."

Lição do dia


Me perdoe a repetição da citação, mas é tudo que eu tenho a dizer agora.
E acredite: Quanto menos souberes do que as pessoas fazem ou deixam de fazer, melhor pra ti.

Mas não se esqueça: Assim como não se deve misturar bebidas, misturar pessoas também pode dar ressaca.
Martha Medeiros 


Sem menos, nem mais.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Sentimentos X Liberdade


Momento desabafo: MODE ON.

Somos responsáveis por aquilo que cativamos, já dizia Saint-Exupéry  em "O Pequeno Príncipe". Sim, eu hei de concordar que realmente somos. São elos de ligação que nos pertecem e é de nossa inteira responsabilidade sustentá-los. Entretanto, em meio à essa ligação, é válido lembrar que possuímos livre arbítrio para fazermos nossas escolhas, e assim, assumirmos as consequências - sejam elas quais forem - mais adiante. Desde que haja respeito em ambas partes, tal liberdade de escolher e assumir também deve ser respeitada por ambos.

Saber diferenciar sentimentos, pessoas e além de tudo saber reconhecer sua posição e direto de argumento diante de tais sentimentos referentes a determinadas pessoas, pode ajudar a agir de forma mais "consciente" diante algumas situações.

Momento desabafo: MODE OFF.

"Mas onde se deve procurar a liberdade é nos sentimentos. Esses é que são a essência viva da alma."
Johann Goethe

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Daqui pro mundo



Porque falar de passado, mudanças e aprendizados traz até a mim uma certa inspiração e me faz querer jogar pra fora tudo aquilo que eu não sei transformar em palavras.
Colocar na balança todos os ideais, pensamentos e atitudes que me cabiam diante do mundo há alguns meses atrás e compará-los à pessoa que sou hoje, me faz perceber o quanto foi válido cada dificuldade enfrentada, cada lágrima derramada, cada vestígio de desilusão perante o mundo; quando tudo não se passava de apenas um processo de mudança.
Fazendo das palavras de Renato Russo, as minhas, posso dizer: "E a cada hora que passa envelhecemos dez semanas...". A vida me fez crescer 10 anos em menos de 10 meses, talvez.
Perceber, a cada dia que se passava, o quanto é grande a crueldade e o individualismo dos seres humanos à minha volta, acabou criando em mim certos mecanismos de defesa que até então, a inocência não me permitia possuí-los.
E, devido a isso, hoje sei lidar um pouco melhor com as dificuldades, as mudanças e a realidade em si.
Aceitar a própria realidade, perceber que um hábito nunca é uma necessidade e logo após, aceitar a idéia de que - por mais difícil que seja acreditar nisso - determinados sentimentos não são essenciais para nossa sobrevivência, pode ter sido um bom começo de conversa.
Sei que tenho muito o que aprender com essa vida, louca vida.
A jornada começa aqui, daqui pro mundo.

"Troquei sonhos por objetivos. Eles são mais compactos, ocupam menos espaço e dão mais certo."
Martha Medeiros

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Indispensabilidades


Som da chuva. Borboletas no estômago. Chocolate preto. Criança. Sotaque baiano. Desejo. Rio de Janeiro. Romance com final feliz. Sono até onze da manhã. Maranhão. Calor e água de côco. Clarice Lispector. Sol maior. Reciprocidade. Seis de outubro. Triângulo Mineiro. Caio Fernando de Abreu. Arrepio. Sorriso sincero. Bernardo. Represa de Três Marias. Orllof. Sete.Olho grego. Twix. São Paulo. Twitter. Moto, capacete, vento. All star. Infinity. Lírio. Mundo inteiro. Fotografia. Atlético Mineiro. Salvador. Cinema. Havaianas. MSN. Los Hermanos. Notebook. Coca-cola. Beijo na boca. Cafuné no cabelo. Beijo na boca e cafuné no cabelo. Egeo. Sexo. Mar. Mandioca. Cores. Fone de ouvido. Photoshop. Corel Draw. Unhas vermelhas. John Mayer. Pão de queijo. Ah, Minas Gerais. Ensino médio. Pijama. Negresco. Saudade. Cinco sentidos. Acordes, tom, músicas. Silêncio. Poesia. Inspiração. Apaixonar. Desapaixonar. Preto e branco. Edredom e moletom. Mc Donalds. Avô. Mordida. Cócegas. Reveillon, novos planos, recomeço. Noite fria, abraço quente. Romper barreiras. Superar distância. Brincar. Levar a sério. Emprestar. Não se envergonhar. Errar. Pedir perdão. Voltar atrás. Querer bem. Esperar. Tolerar. Acariciar. Enfrentar. Permitir. Sentir. Sorrir.

domingo, 15 de agosto de 2010

Roda idiota


Talvez você não entenda, ou até nem eu mesma.
Eu só preciso de um pouco de silêncio e um vento frio, como o que agora balança as folhas das árvores lá fora, para que os sentimentos comecem a vibrar no mais interior de onde habitam, dúvidas comecem a me confundir, segredos comecem a se confesserem. E então, começo a me fazer perguntas. Perguntas surgem sem respostas, às vezes. Outrora, a resposta até exista, porém, necessito de uma certa organização de todos esses sentimentos, dúvidas e segredos para que eu possa encontrá-la.
Algo do tipo: O que eu faço aqui? Onde quero chegar? Por onde devo seguir? A quem devo confiar minha necessidade e retribuir com minha companhia?

Confesso, tenho cultivado um certo receio diante dos seres humanos.
Optei por guardar meu coração no bolso, de forma que, posso carregá-lo comigo durante todo o percurso e assim, mantenho-o protegido de toda e qualquer  malícia.

"Como se eu estivesse por fora do movimento da vida. A vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui parada, pateta, sentada no bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a linguagem dos outros. A linguagem que eles usam para se comunicar quando rodam assim e assim por diante nessa roda-gigante. Você tem um passe para a roda-gigante, uma senha, um código, sei lá. Você fala qualquer coisa tipo bá, por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada, sem saber a palavra certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia, louca de vontade de estar lá, rodando junto com eles nessa roda idiota [...]"
Caio Fernando de Abreu

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Acredita em anjo?


"Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam." 
Clarice Lispector.


Sim, eu acredito em anjos e para mim eles existem.
Seja ele de onde for, ou pra onde vá, seja de qualquer lugar; eles existem.
Seja qual for sua raça, forma ou nome, o que importa é o cuidado a mim concecido.
E posso afirmar, com vestígios de honra e saudade que muitos já trilharam meu caminho, atravessaram minha vida. 
Alguns apenas à passeio, outros talvez curtindo umas férias.
Alguns vieram, mas a vida os reservou para uma outra missão qualquer, me deixando aos cuidados de outros de seus companheiros.
Outros, chegaram definivitamente pra ficar.

Agradeço à Deus pelos anjos à mim enviados. Sem suas guardas, com certeza eu já havia sido atingida por vários males que por eles foram desviados.

Aos meus anjos, minha sincera gratidão.


domingo, 8 de agosto de 2010

O homem da minha vida


Tudo começou quando em um sonho (ainda jovem), uma menina o chamava de pai.
E a realidade tratou de fazer com que aquele insignificante sonho se realizasse, dando-me a vida e até mesmo nome da tal garotinha do sonho.
A ele, concedi a primeira palavra por mim pronunciada; quando por muito esforço, soltei um arrastado "Pa-pa-pa-pa-paaai".
 Meu professor de vida.
Com ele aprendi a lutar tae-kwon-do, gostar de "beber coxinha e comer coca" e que não se deve enfiar o dedo na tomada nem chutar a fruteira quando se quer alguma coisa.
Herdei umas das mais bonitas paixãoes: Altético-MG.
Aprendi a gostar de esportes, a esforçar-me parar tirar 11 quando a prova valia 10 e ler toda a coleção de livros da "Vaga-lume".
Anos mais tarde, aprendi também o quanto é gostoso tomar uma cervejinha, uma caipirinha e quando elas se misturam, o quanto NÃO é gostoso.
Aprendi que honestidade, caráter e transparência são valores essenciais para minha vida.
Aprendi que devo respeitar os defeitos dos outros e fazer o possível para viver em paz, onde quer que eu esteja.
Percebi, mesmo quando achei que era "a dona da razão", que devia ouvir o conselho ou opinião de quem realmente me quer bem. E se não ouvi, mais hora, menos hora, quebrei a cara.
 Aprendi que amigos verdadeiros são nossos familiares mais próximos e que não há ninguém no mundo que susbtitua essa presença.
Aprendi que posso ser mais, mesmo quando acho que não consigo.
Aprendi agradecer pelo que tenho, dar valor ao que me pertence e não reclamar jamais.
Aprendi a não desperdiçar, desde o alimento até as oportunidades.
Aprendi que não devo passar por cima das leis da vida pela minha vontade.
Aprendi que algumas vezes é preciso abrir mão do meu querer por alguém.
Aprendi, aprendi, aprendi... e sei que ainda tenho muito que com ele aprender.

Ele, quem tomei como meu principal espelho e exemplo.
A quem posso dizer que, se eu não fosse eu, queria ser ele.
Ele que não merece apenas um simples presente de dia dos pais, mas todo o meu esforço para tentar ser a melhor filha do mundo.
A quem eu devo minhas melhores virtudes.
A quem pertence minha completa admiração.
Quem não é simplesmente um pai... É O MEU PAI.

sábado, 7 de agosto de 2010

Insetos interiores


Notas de um observador:

Existem milhões de insetos almáticos.
Alguns rastejam, outros poucos correm.
A maioria prefere não se mexer.
Grandes e pequenos.
Redondos e triangulares,
de qualquer forma são todos quadrados.
Ovários, oriundos de variadas raízes radicais.
Ramificações da célula rainha.
Desprovidos de asas,
não voam nem nadam.
Possuem vida, mas não sabem.
Duvidam do corpo,
queimam seus filmes e suas floras.
Para eles, tudo é capaz de ser impossível.
Alimentam-se de nós, nossa paz e ciência.
Regurgitam assuntos e sintomas.
Avoam e bebericam sobre as fezes.
Descansam sobre a carniça,
repousam-se no lodo,
lactobacilos vomitados sonhando espermatozóides que não são.
Assim são os insetos interiores.

A futilidade encarrega se de "mais tralos'.
São inóspitos, nocivos, poluentes.
Abusam da própria miséria intelectual,
das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia.
O veneno se refugia no espelho do armário.
Antes do sono, o beijo de boa noite.
Antes da insônia, a benção.

Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa.
A família.
São soníferos, chagas sem curas.
Não reproduzem, são inférteis, infiéis, "infértebrados".
Arrancam as cabeças de suas fêmeas,
Cortam os troncos,
Urinam nos rios e nas somas dos desagravos, greves e desapegos.
Esquecem-se de si.
Pontuam-se


A cria que se crie, a dona que se dane.
Os insetos interiores proliferam-se assim:
Na morte e na merda.

Seus sintomas?
Um calor gélido e ansiado na boca do estômago.
Uma sensação de: o que é mesmo que se passa?

Um certo estado de humilhação conformada o que parece bem vindo e quisto.
É mais fácil aturar a tristeza generalizada
Que romper com as correntes de preguiça e mal dizer.
Silenciam-se no holocausto da subserviência
O organismo não se anima mais.
E assim, animais ou menos assim,
Descompromissados com o próprio rumo.
Desprovidos de caráter e coragem,
Desatentos ao próprio tesouro...caem.
Desacordam todos os dias,
não mensuram suas perdas e imposturas.
Não almejam, não alma, já não mais amor.
Assim são os insetos interiores.


O Teatro Mágico

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

"Tempo, tempo, mano velho, falta um tanto ainda, eu sei..."


"Tente enxergar esses sentimentos como eles verdadeiramente são. Eu tenho certeza que o que realmente for verdadeiro, vai saber esperar, vai saber acontecer no seu devido tempo."
Half of my heart's got a grip on the situation, half of my heart takes time.
John Mayer

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Apesar dos pesares...


Ainda recebemos o brilho do sol no rosto, ao levantar pela manhã.
Ainda desejamos que as pessoas ao nosso redor tenham um bom dia.
Ainda lembramos os sonhos que tivemos ao longo na noite, mesmo que seja um bom tempo depois de ter acordado, e ainda sorrimos por isso.

Ainda nos divertimos, mesmo quando tudo tende a estragar nosso dia.
Ainda sentimos saudades das manhãs em que não tínhamos responsabilidades, problemas a resolver, dia de expediente a enfrentar.
Ainda podemos desfrutas das riquezas da nossa natureza.
Ainda existem pessoas gentis, generosas e simpáticas.
Ainda acreditamos no acaso.
Ainda somos fortalecidos pela esperança, seja ela qual for.

Ainda sabemos perdoar, mesmo não esquecendo com facilidade.
Ainda erramos e tomamos o erro como aprendizado.
Ainda preservamos os poucos verdadeiros amigos.
Ainda esperamos, por mais que a inocência não mais exista em nós, um presentinho do Papai Noel na noite de Natal.
Ainda desejamos um chocolatezinho do coelhinho no domingo de Páscoa.
Ainda sabemos - na maioria das vezes - separar razão e coração.
Ainda existe sintonia entre pessoas que são ligadas por elos mais fortes que qualquer distância.
Ainda encontramos pessoas semelhantes a nós, perdidas pelo caminho.
Ainda nos apaixonamos.
Ainda achamos o mundo belo quando somos acorrentados por uma cega paixão.
Ainda sonhamos com nossos filhos, nossa casa e uma família feliz.
Ainda existem cores e sons capazes de nos encantar.
Ainda temos muito o que aprender.
Ainda temos muito o que ensinar.
Ainda temos muito o que sentir.
Ainda temos muito o que viver.

Embaração provisória


Onde estou? Pra onde vou?

Qual é o destino dessa correnteza vital que junto dela me leva, sem sequer saber pra onde vou, se quero ir, se devo ir?
Qual a próxima parada dessa embarcação lotada de passageiros, onde cada aguarda seu destino de chegada, sem sequer preocupar se você está sozinho ou acompanhado, precisa de ajuda ou não?

"- Boa tarde, senhor. Posso me assentar ao teu lado?
- Não, já está ocupado."

"- Bom dia, minha senhora. Tem alguém nesse assento?
(Não houve resposta.)"

Sigo pelo caminho ainda em pé, procurando um assento ideal, onde eu possa me sentir segura junto dos que estão à minha volta, onde eu me acomode com tranquilidade, facilitando assim, que eu siga meu trajeto à frente até encontrar o destino do meu ponto de chegada.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Um passo a mais


Mais uma vez o silêncio me domina e a dor da dificuldade toma minhas palavras.
Não encontro outra alternativa a não ser seguir em frente, da forma que o caminho me permite.
Um passo. Força. Outro passo.
Sigo assim com o som do meu silêncio e só.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Poema



"Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei de um tempo

Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim

E que não tem fim

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás."


Sa lve salve, Cazuza e seu belo poema.
Bom dia, mês. Bom dia semana. Bom dia, ânimo, expectativas e novos ideiais.
A gente se vê por aí.

domingo, 1 de agosto de 2010

500 days of Summer

Sabe, sempre acreditei muito em destino. Todavia, assistir esse filme me fez pensar um pouco diferente das minhas atuais teorias de vida.
É certo que tudo na vida se ajeita e nos entregar às dificuldades é realmente perca de tempo.
Olhar o mundo a nossa volta, abrir os horizontes e deixar que a sorte se aproxime pode ser um bom começo.

"This is not a love story. Its a story about a love."


"- Eu não acredito em amor.
- Porque não?
- Porque ele não existe.
- Como sabe que ele não existe?
- Como sabe se ele existe?
- Vai saber quando sentir."

"Coincidência. É tudo que qualquer coisa é, nada mais que coincidência.
Não existem milagres. Não existe essa coisa de destino. Nada é pra ser."