quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Uma pausa para amar


O relógio marcava 18h37 da noite.
As ruas lotadas de pessoas correndo contra o tempo, em todas as diagonais.
O sol já tinha se posto e o vento frio já transpassava a face.
No banco da praça, um homem de terno e gravata afrouxada, de semblante cansado, com um caneta na mão, escrevia em um cartão.
Na capa do cartão, uma expressão de cor brilhante se destacava: "Te amo!".

E ali, ele ignorava toda aquela alienação cotidiana ao seu redor, tirando alguns minutos do seu trajeto para depositar sentimentos naquele pedaço de papel, que com certeza, em breve, seria entregue à alguém especial.

Quem nunca sentou em uma mesa de bar, ou em um banco de uma praça, ou se encostou em um balcão qualquer, para escrever um bilhete em um guardanapo, ou um pedaço de papel achado na rua, porque simplesmente não dava tempo de esperar?

O amor não espera. O amor não pergunta se você está de saída ou de chegada, muito menos te faz a pergunta que todos gostariam de ouvir: você está preparado?
Não, nunca estamos.
Mas sim, sempre estamos.

O amor tem o dom de nos preparar por si só.

Hoje, eu queria ser a dona (ou o dono) daquele cartão escrito às 18h37 de uma tarde de quarta feira fria.
Hoje, eu queria que o amor batesse à minha porta e dissesse que não me trouxe flores, nem presentes caros. Apenas palavras que não poderiam mais ficar presas lá dentro. Precisavam se juntar à explosão que é a vida lá fora.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

4h19



Lá fora ouve-se apenas os ruídos dos pneus dos carros sob o asfalto molhado da chuva que acabou de cair. Aqui dentro, apenas o silêncio da sua respiração repousada sob o encaixe do meu colo. O calor das suas mãos nas minhas costas me acalma. Sua energia atravessa a extensão do meu corpo, me fazendo mergulhar em uma imensidão de paz. Enquanto você vaga em seu sono profundo, acariciado pelo conforto dos meus braços, eu sinto meu coração se agitar ao me esforçar pra te enxergar no escuro, só pra te observar dormir. "Tão linda", penso eu. Então você movimenta suas as pernas, encaixando-as em meio às minhas. Respira fundo, depois de um pequeno sorriso inconsciente. Volta a dormir, me conduzindo consigo para a quietude do seu sono...

...Me viro para o lado, te procuro, mas você não está lá. As bordas da cama estão desconfortavelmente frias. Olho por detrás das cortinas e me deparo com o asfalto seco. São 4h19 da manhã de uma terça feira. Encaro a realidade, volto a encaixar a cabeça no travesseiro e então entendo: tudo é saudade.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Por você


É pelo jeito que você me desarmou com o seu sotaque desde a primeira vez que nos vimos.
É pelo jeito único que você (re)apareceu na minha vida.
É pela forma que você me conquista a cada bom dia desde que nos "conhecemos".
É pela sua capacidade de se fazer presente, mesmo sem estar por perto.
É pela sua forma de me fazer dormir tranquila todos os dias, sabendo que tenho você "do outro lado".
É pela sua capacidade de me fazer perder o sono na 24h antes de te ver.
É pela suas várias formas de sorrir, seja um sorriso sapeca que me deixa com vontade de te apertar até roubar um pedaço de você pra mim, ou um sorriso daqueles que me provoca um arrepio pelo corpo todo.
É pela forma com que você me abraça, me prendendo entre seus braços grandes e aconchegantes.
É pela forma com que o seu corpo se encaixa perfeitamente no meu, me fazendo acreditar que fomos feitas sob medida exata.
É pela forma com que você acorda lentamente, abrindo apenas um olho e resmugando dengosamente.
É pela forma que você dorme rapidamente no meu colo, ou dorme mais que eu, todas as manhãs.
É pelo jeito único que você coça a minha cabeça.
É pela forma com que eu sou apaixonada pelo momento em que você balança a perna de ansiedade.
É pela forma que você fica unicamente linda durante o banho.
É pelo brilho do seu olho quando imito o seu sotaque.
É pela sua criatividade de criar expressões, tons de vozes e formas de dizer as coisas que só a gente entende.
É pelo seu humor aguçado, inteligente.
É pela importância que você dá para todas as nossas ações nas redes sociais.
É pela forma com que você se parece comigo fisicamente.
É pelo fato das minhas roupas ficarem mais bonitas em você do que em mim.
É pelo jeito que você não solta da minha mão enquanto estou dirigindo.
É pela forma com que você me encanta quando pega o violão e senta na minha cama, com cara domingo de manhã, cantando nossas músicas preferidas.
É pelo jeito que você me faz dar risada das coisas mais bobas.
É pela forma que você fala dos nossos filhos.
É pelo jeito que você me faz voar.
É pelo jeito que você me faz querer ser mais forte.
É pelo fato de você me fazer transbordar.
É pelo jeito que você me deixou aqui, completamente apaixonada por você.

É pelo seu jeito.
É por você.

domingo, 12 de abril de 2015

Enfrente. Em frente.


Um novo capítulo.

Uma folha em branco, um bom motivo para que você queira fazer diferente e nada mais é necessário para começar. Recomeçar.

Fazer diferente não é para qualquer um.
Sair da zona de conforto é tarefa para os fortes. Dá medo, pânico. Dói.
Reconhecer que o caminho traçado já não condiz mais com a realidade é tarefa para os maduros. E amadurecer também dá medo, pânico. Dói.

Mas é preciso que a realidade condiga com o desejo. É preciso preparar o terreno para colher bons frutos. É necessário um trabalho árduo. Uma corrida lenta, porém incessante.

Mas é quem é feliz vivendo na inércia?
Nade contra a correnteza.
Dê a volta nas dificuldades.
Opte pelo caminho mais difícil.

Enfrente. Em frente. Sempre.

segunda-feira, 23 de março de 2015

O melhor de mim



Segunda feira chuvosa, cinza, fria. O coração cheio de saudade só buscava maneiras alternativas de bater mais forte, a fim de liberar um pouco dessas energias que têm feito-o vibrar constantemente.

E quando o assunto é saudade + chuva + frio + cama, nada mais sugestivo que um filme bem "água com açúcar", daqueles de derreter qualquer coração inflexível, não é mesmo?

Logo, em meio à tantos outros, elejo na vitrine o filme com o melhor combo para o momento que eu poderia escolher: a mistura de uma segunda chance dada pela vida, com a certeza de que o amor existe, independente de um final clichê e feliz.

E como filmes são reproduções da vida real, "O melhor de mim", de Nicholas Sparks, me fará deitar a cabeça no travesseiro esta noite, acreditando infinitas vezes mais, que a vida é generosa o suficiente para dar uma segunda (ou terceira, ou até sétima) chance para aquilo que realmente tem que ser.

Destino? Sim, acredito fielmente neste sujeito. Não é que já tenhamos algo traçado para a vida inteira, mas creio que somos predestinados a cruzar alguns caminhos que, por mais que sejam desviados ao longo do percurso, em um determinado momento absolutamente inesperado, eles se encarregam de se (re)cruzarem por si só. Seja daqui 1 mês, 1 ano, "5 anos", ou até mesmo 20, como Dawson e Amanda.

Talvez eu esteja tendo a minha segunda chance.
Talvez você também.

"Os últimos dias foram tão bons. Uma chance de ver e falar com você, de ouvir um pouco, de amar você de novo. As pessoas procuram isso a vida toda e não encontram. Mas nós encontramos. Nós somos sortudos. Não importa o que aconteça, Amanda, eu quero que você saiba que eu sou muito grato. Porque no fim de tudo eu posso dizer como é ter amado alguém. Ter amado de verdade, porque eu amei você." - O melhor de mim.


domingo, 22 de março de 2015

Uma história pra contar

Era madrugada. Ela já havia feito todo o ritual de despedida de cada dia, mas no fundo, sabia que não conseguiria descansar sua cabeça e muito menos o coração, que  "...tremia como um terremoto no Japão, um vento, um tufão, uma batedeira sem botão". Na cama, rolava para um lado, rolava para o outro, mas aquele quarto, especificamente naquele dia, parecia imenso; perdido em meio à presença dela em cada centímetro quadrado do seu espaço físico. Em cada objeto ali presente, uma lembrança diferente. O cheiro ali emanava no travesseiro, na pelúcia, na roupa de cama que ainda não foi trocada por falta de coragem.

Era o momento de processar toda a importância daqueles últimos dias, onde passos importantes haviam sido dados. Verdades eram ditas todos os dias. Em cada conversa, uma surpresa diferente. Em cada noite, a saudade crescia desenfreadamente. Ladeira abaixo, sabe como é? "Vai e vem, vai, e não pára nunca mais".

Indecifrável mesmo era o caminho que levaram-as "até o outro lado da montanha, onde tudo começou". Extraordinário, singular, daquelas histórias que só acontecem nas novelas de Manoel Carlos, "uma história pra sonhar". Portanto, "o que era sonho, se tornou realidade", não é mesmo? Será que ela realmente estava ali o tempo, e só você não viu?

Ninguém nunca saberá.

Tudo que se sabe é que, todo esse desejo que agora ensurdece esta madrugada, vai findar mergulhado em um sono cheio de saudade, pra sonhar com o dia em que ela vai dizer: "voltei pra casa e disse adeus a tudo que eu conquistei, mil coisas eu deixei, só pra te falar: largo tudo se a gente casar domingo, na praia, no sol, no mar..."


7x7.