quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Procura-se por mim

Já não sei dizer se ainda sei sentir. 
O meu coração já não me pertence, já não quer mais me obedecer. 
Parece agora estar tão cansado quanto eu. 
Até pensei que era mais por não saber que ainda sou capaz de acreditar. 
Me sinto tão só e dizem que a solidão até que me cai bem. 
Às vezes faço planos, às vezes quero ir pra algum país distante, voltar a ser feliz.
Já não sei dizer o que aconteceu, se tudo que sonhei foi mesmo um sonho meu.
Se meu desejo então já se realizou, o que fazer depois, pra onde é que eu vou?
 Renato Russo

Não sei onde fui parar.
Minha vontade de escrever se estacionou em algum lugar desconhecido, distante de mim.
Me perdi das palavras.
Meus sentimentos, eu já nem sei mais distingui-los.
Preciso de um rumo e não sei o que fazer, não sei onde ir.

Logo, continuo na ausência, na esperança de me reencontrar lá, exatamente onde me deixei.

sábado, 16 de outubro de 2010

Pelo sabor do gesto


Quem já tocou o amor pelo sabor do gesto?
Sentiu na boca o som? Mordeu fundo a maçã?
Na casca, a vida vem tão doce e tão modesta.
Quem se perdeu de si?

Eu já toquei o amor pelo sabor do gesto.
Confesso que perdi, me diz quantos se vão?
Paixões passam por mim, amores que têm pressa.
Vão se perder em si.

Se o amor durou demais, bebeu nas suas veias.
Seus beijos de mentira não chegam muito longe.
Paixões correm por mim, são só suaves febres.
Seus beijos mais gentis derretem pela neve.
Pra que tocar o amor pelo sabor do gesto,
Se o gosto da maçã vem sempre indigesto?
Amarga essa canção, os dias e o resto
Se perde como um grão.

Mas se eu ousar amar pelo sabor do gesto
Te empresto da maçã, vai junto o coração.
Esquece o que eu não fiz,
Te sirvo o bom da festa
De um jeito mais feliz.

Paixões correm por mim, eu sei tudo de cor.
Carinho sem querer, me cansa e me dói.
Se o amor vem pra ficar, faz tudo mais bonito
Me basta ter na mão e o corpo tem razão.

Zélia Duncan

terça-feira, 12 de outubro de 2010

E quem não precisa de mudanças?

Roupas, cabelo, estilo, músicas, cores, amores. Modo de pensar, agir, enxergar, viver.
Nada mais é como era no instante em que acabou de passar. Tudo em constante mutação.
Rotina desgasta, monótono atrofia, enquanto o relógio corre em ritmo acelerado.

Depressa, vamos. A impaciente mudança está lá fora e não gosta muito de esperar.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O próximo espetáculo

Começo aqui encerrando. O primeiro espetáculo do show chegou ao seu fim.

Por detrás das cortinas ficaram saudosas lembranças.
Sorrisos, elogios, lágrimas, critícas e tudo o que deu vida e sucesso ao espetáculo finalizado.
Uma imensa platéia formada pelos mais diversos espectadores: os ocupantes das primeiras filas de cadeiras sempre presentes durante todo o espetáculo, enquanto outros assistem uma pequena parte e se vão, cedendo suas cadeiras para que novos espectadores as ocupem.
E nesse momento, as cortinas se fecham.
É hora de renovação. Trocar o figurino, mudar o roteiro, checar os últimos detalhes.

Respirar fundo.
3, 2, 1... abrem-se as cortinas.

Maioridade: eis a próxima apresentação.