sábado, 27 de novembro de 2010

Movimente-me

Ouvi dizer, há um tempo atrás, que a paixão é algo desnecessário na vida de alguém, que se entregar era apenas para os fracos e que não precisávamos fazer com quem alguém se tornasse necessário em nossas vidas.
E, por motivos maiores, acabei acreditando.
Comecei a me esconder de mim mesma.
Criava, a cada dia, uma falsa idéia de que aquele coração que ali batia, era completamente calmo e sereno e que não precisava de nada além de sua própria companhia para ser feliz.
Para todos, eu apresentava tal equilíbrio e defendia firmemente a idéia de que se entregar é uma bobagem.
Me privava de certas pessoas, quando percebia que eu podia sentir uma pontinha de qualquer sentimento que seja, que mexesse com o meu estoque de sentimentos e logo já me retomava de volta à minha realidade.
E, sem que eu percebesse, os dias foram perdendo as cores.
Os sorrisos eram como café frio, os abraços eram sem sal nem tempero.
A lua, na sua mais linda fase, não brilhava tanto quanto, do outro lado algúem a observava junto de mim.
Eu deitava minha cabeça no travesseiro e, o que eu tinha para me fazer companhia em pensamentos? Era como uma tv sem sinal. Eu não tinha nada ali programado.
Chamei essa coisa chata de solidão.
Eu mal sabia o caminho que estava escolhendo, ao bater no peito e gritar para o mundo ouvir que eu não mais me apaixonaria.
Paixão é cor, cheiro, é a junção do quente ao frio. É combustível, é força de impulso, é movimento.
Movimento é a essência da vida.
E o que não é movimentado constantemente, pode acabar atrofiado.
"Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos ,um livro mais ou menos.
Tudo perda de tempo.
Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoraçao ou seu desprezo.
O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia."
 

Martha Medeiros

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