domingo, 22 de março de 2015

Uma história pra contar

Era madrugada. Ela já havia feito todo o ritual de despedida de cada dia, mas no fundo, sabia que não conseguiria descansar sua cabeça e muito menos o coração, que  "...tremia como um terremoto no Japão, um vento, um tufão, uma batedeira sem botão". Na cama, rolava para um lado, rolava para o outro, mas aquele quarto, especificamente naquele dia, parecia imenso; perdido em meio à presença dela em cada centímetro quadrado do seu espaço físico. Em cada objeto ali presente, uma lembrança diferente. O cheiro ali emanava no travesseiro, na pelúcia, na roupa de cama que ainda não foi trocada por falta de coragem.

Era o momento de processar toda a importância daqueles últimos dias, onde passos importantes haviam sido dados. Verdades eram ditas todos os dias. Em cada conversa, uma surpresa diferente. Em cada noite, a saudade crescia desenfreadamente. Ladeira abaixo, sabe como é? "Vai e vem, vai, e não pára nunca mais".

Indecifrável mesmo era o caminho que levaram-as "até o outro lado da montanha, onde tudo começou". Extraordinário, singular, daquelas histórias que só acontecem nas novelas de Manoel Carlos, "uma história pra sonhar". Portanto, "o que era sonho, se tornou realidade", não é mesmo? Será que ela realmente estava ali o tempo, e só você não viu?

Ninguém nunca saberá.

Tudo que se sabe é que, todo esse desejo que agora ensurdece esta madrugada, vai findar mergulhado em um sono cheio de saudade, pra sonhar com o dia em que ela vai dizer: "voltei pra casa e disse adeus a tudo que eu conquistei, mil coisas eu deixei, só pra te falar: largo tudo se a gente casar domingo, na praia, no sol, no mar..."


7x7.


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