quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sempre pela primeira vez


Em meio às divertidas ilustrações e gostosas palavras de Maíra Viana em O Teatro Mágico em Palavras, terminei encantada por um conto, em especial, com o qual muito me identifiquei. Sempre pela primeira vez,  inspirado na letra da música De Ontem em Diante - Teatro Mágico, relata exatamente tudo que, às vezes, eu não sei dizer.

"É como se eu nascesse todo dia. Não é incrível que existam bananeiras, abacateiros e jabuticabeiras? De onde será que veio tudo isso? Todo dia eu me faço as mesmas perguntas.
É como se eu estivesse vendo as coisas do mundo sempre pela primeira vez. Os vales, a chuva, os mares. A terra, os animais e as floretas. O fogo, o tempo e a claridade. Sem falar no céu com todas as suas estrelas e na lua com todas as suas fases.
Como surgiu tudo isso? Os meus porquês são palavras incontáveis.
O sentimento de absurdo me invade quando reparo na arquitetura humana. O sistema nervoso, veias e artérias, músculos e ossos, cérebro e coração. Bocas e braços, narizes e olhos, ouvidos e mãos. O ser humano é feito de uma perfeição absurda. Realmente inexplicável. Me admiro o tempo inteiro e acredito que nunca vou me acostumar com as coisas do mundo.
Quem criou tudo isso? A resposta óbvia me remete a Deus e eu pergunto: Se Deus criou tudo, quem criou Deus? Se tudo surgiu dele, de onde ele surgiu então? As perguntas continuam sendo as mesmas, só muda o sujeito da oração.
Eu vejo as coisas do mundo como quem assiste à um espetáculo de mágica. Num grande truque, o belo coelho branco surge de dentro da cartola até então vazia.
Como assim? Não sei. Mas quero muito saber. Todo dia eu acordo buscando saber quem sou e de onde vem o mundo. E me faço as mesmas perguntas. É como se eu estivesse vendo as coisas do mundo sempre pela primeira vez. É como se eu nascesse de novo, todo dia."

Um comentário:

  1. Muito lindo e profundo. Tbm me questiono sempre a respeito de tudo isso, mas ao invés de acreditar em explicaçoes fantasiosas apenas para confortar meu espírito, me contento com a dúvida, enquanto busco a resposta!

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