domingo, 15 de agosto de 2010

Roda idiota


Talvez você não entenda, ou até nem eu mesma.
Eu só preciso de um pouco de silêncio e um vento frio, como o que agora balança as folhas das árvores lá fora, para que os sentimentos comecem a vibrar no mais interior de onde habitam, dúvidas comecem a me confundir, segredos comecem a se confesserem. E então, começo a me fazer perguntas. Perguntas surgem sem respostas, às vezes. Outrora, a resposta até exista, porém, necessito de uma certa organização de todos esses sentimentos, dúvidas e segredos para que eu possa encontrá-la.
Algo do tipo: O que eu faço aqui? Onde quero chegar? Por onde devo seguir? A quem devo confiar minha necessidade e retribuir com minha companhia?

Confesso, tenho cultivado um certo receio diante dos seres humanos.
Optei por guardar meu coração no bolso, de forma que, posso carregá-lo comigo durante todo o percurso e assim, mantenho-o protegido de toda e qualquer  malícia.

"Como se eu estivesse por fora do movimento da vida. A vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui parada, pateta, sentada no bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a linguagem dos outros. A linguagem que eles usam para se comunicar quando rodam assim e assim por diante nessa roda-gigante. Você tem um passe para a roda-gigante, uma senha, um código, sei lá. Você fala qualquer coisa tipo bá, por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada, sem saber a palavra certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia, louca de vontade de estar lá, rodando junto com eles nessa roda idiota [...]"
Caio Fernando de Abreu

4 comentários:

  1. "Perguntas surgem sem respostas, às vezes. Outrora, a resposta até exista, porém, necessito de uma certa organização de todos esses sentimentos, dúvidas e segredos para que eu possa encontrá-la."

    Aaah, essas contradições...
    Me identifiquei muito com esse texto.

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  2. Tenho uma reclamação e não é do que tu escreve obviamente.. minha reclamação é: ta sumida.. nao pode ;)
    qt ao texto.. belo.. pra variar.. ultimamente meu coracao tem sido uma roda gigante.. agora optei por coloca-lo no bolso.. qq dia eu esmago e fica td bem !!
    um bjo, pequena.

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  3. Com o passar do tempo, a gente, ser humano, vemos tantas coisas desagradáveis, né?

    Palavras nada atreante...feridas abertas...coraçãoes sendo massacardos.

    Raramente, me encontro com palavras tão dóceis e singelas como as que acabo de ler aqui. O nosso coração, pelo menos o meu, desse geminiano insano e sentimental, é tão ingênuo... Se aventura por muito..e chora por tão pouco. Parabéns pela lenidade com que nos remete suas palavras!

    Estareiseguindo o seu blog caso ñ se importe,ok?

    Se puder, entre nessa comunidade. Certamente,lá tb é o seu lugar:

    http://www.orkut.com.brMain#Community?cmm=96229629

    Forte abraço.

    Carlo Lagos.

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  4. Guardar o coração no bolso é uma otima ideia, é o primeiro lugar onde os ladroes de corações procuram...
    V.

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