sábado, 28 de agosto de 2010

Relatos de um sábado a noite



Tenho vivido dias bastante movimentados. Problemas, desacertos, desamores, angústias. Minha cabeça tem sido guiada por um um grande acúmulo de pensamentos, como se fossem "pequenos curtas", transmitidos em minha mente dia e noite, aleatoriamente.
Com o passar das horas, com o vigor dos problemas, fui cultivando uma necessidade cada vez maior de "fugir", por alguns minutos apenas, dessa realidade conturbada do meu mundo. Eu necessitava de ar, respiração. Eu necessitava de mim.
Peguei meu capacete, subi na moto e fui. Segui  sem direção. Na companhia do vento frio que batia no meu rosto estrada afora, fui seguindo devagar, pensando em cada detalhe daquele momento, observando cada pedacinho de natureza ao meu redor, sentindo a liberdade me dominar a cada curva que eu fazia.
Quanto mais aqueles "pequenos curtas" ocupavam minha mente, mais eu queria acelerar. Era como se o vento forte provocado pela velocidade que eu me encontrava, levasse consigo toda aquelas sensações estranhas que tanto me atormentavam.
O céu, apesar de lindo e estrelado, estava incompleto, vazio. Foi quando algo me chamou muita atenção: a presença de uma estrela com o brilho mais intenso que as outras. Passavam-se metros, quilômetros até, e a estrela continuava a me acompanhar. De um lado para o outro, em meio aos movimentos curvilíneos que a estrada me conduzia, a estrela seguia junto de mim, num belo gesto de companherismo. E assim, eu a escolhi como minha estrela da noite. Pra ela dediquei um sorriso, ao perceber que havia me cativado. Fiz dela minha amiga. Em seguida, pensei nos meus verdadeiros companheiros, que mesmo nas curvas da vida, estão sempre ali, brilhando mais forte ao meu lado.
Comecei a associar minhas dificuldades com aquele trajeto que eu percorria. Percebia a todo instante uma dificuldade cruzando meu caminho, sempre me jogando pro acostamento. Ora automóveis maiores e mais fortes me assustavam, ora buracos apareciam e faróis altos quase me cegavam. E por mais assustador ou difícil que fosse, não julguei impossível. Às vezes era preciso reduzir a velocidade para vencer a dificuldade, em outros momentos, a solução era acelerar e encarar com voracidade a dificuldade imposta pelo caminho. E nesse jogo de percepção e associação, percebi que a vida é exatamente assim.
Quanto mais eu percebia a simplicidade daquele momento e a ligação do mesmo com a vivência do meu cotidiano, mais eu queria seguir em frente e vencer as barreiras daquele delicioso vento frio provocado pela forte aceleração. Entretanto, o frio já cortava as partes descobertas do meu corpo. O tempo passava, já estava ficando tarde, eu não queria correr perigo. Foi quando decidi voltar, com a cabeça já bem mais acentuada. Fiz o retorno e tomei o caminho de volta.
Foi quando algo muito inusitado aconteceu. Era como uma caixinha de surpresas sendo aberta, revelando ali algo de muito valioso. Desacelerei quase toda a velocidade na qual eu me encontrava. Naquele momento, senti vontade de parar e ficar ali a noite toda, naquela estupenda companhia.
Por detrás da montanha, que antes estava em minhas costas, foi surgindo um brilho maravilhoso, clareando o céu num tom laranja degradê, com seu formato (quase) rendondo; faltando uma parte, devido à sua mudança de fase. Era a Lua.
Agora sim, o céu estava completo e perfeito. Seu brilho era capaz de iluminar toda a estrada, sem ajuda dos faróis dos automóveis. Por não conseguir me conter, dediquei a ela vários sorrisos. Eu sabia que algo ali me aguardava; e lá estava ela, linda e clara, para encantar minha noite e decretar a libertação que eu ali buscava.
Como uma brincadeira de "esconde-esconde", ela corria de um lado para o outro no céu, em meio às estrelas, acompanhando as curvas que eu fazia, num sincronismo perfeito. E lá se encontrava, junto da senhora Lua, a minha amiga Estrela-Mais-Brilhante, fazendo com que minha noite se enchesse de encanto.
Enfim, pude completar meu trajeto de volta, acompanhada das minhas amigas noturnas, com um largo sorriso no rosto e no coração, um sentimento de paz e liberdade vindos diretamente do céu.

5 comentários:

  1. Adorei o texto viu. E na minha opinião não existe melhor companhia do que o céu e a lua, é de uma simplicidade tão cognitiva que me deixa de boca aberta.
    Parabéns =)

    http://maisveneno.blogspot.com/

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  2. isso tudo mexeu muito comigo. Lembrei da cena de ontem. ela surgindo assim... e eu olhando da janela da casa da minha amiga. Incrível como suas palavras me faz trancender.É o mundo.É isso. Não ouso dizer o que seria o isso, do aquilo, ou do próprio isso mesmo. "linhas em ondas". estou me confundindo. é que, o texto ta sensacional! tanta coisa pra falar... vou me perdendo nesse achado gostoso. A Lua, A Estrela e O Teu Sorriso. -basta! Beijo! <3

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  3. Lindo! Ontem eu estava um sitio com um telecopio olhando exatamente a sua amiga Lua, ela estava radiante, linda, seu sorriso fez bem pra ela!
    V.

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  4. .Paz e liberdade.
    .Lua.
    .Amigas reunidas.

    Ando perdendo notícias suas.
    Sumi não, amor veja bem arranjei alguém chamado saudade.
    ;)
    beijos linda.

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